domingo, 31 de agosto de 2008

Subaru Tribeca compensa linhas óbvias com segurança e muita eletrônica

Subaru Tribeca segue receita norte-americana para SUVs e crossovers
De um ano para cá o mercado brasileiro mudou um pouco de perfil. Os compactos continuam no topo das vendas por conta dos preços menores, mas cederam espaço para automóveis médios e utilitários. Uma abertura comercial que a Subaru, marca japonesa representada no país pelo grupo Caoa, quer aproveitar com o crossover médio Tribeca.Importado dos Estados Unidos, o modelo é fabricado na planta de Cherry Hill, em Nova Jersey. E foi pensado bem ao gosto dos americanos, com dimensões avantajadas, recheio farto e de visual algo conservador. O nome vem de uma região nova-iorquina que, após muitos anos de decadência, se tornou um ponto sofisticado da cidade.
No Brasil, o Tribeca chega na versão topo de linha Limited, ao preço sugerido de R$ 197.900, com intenção de brigar diretamente com o Nissan Murano, que custa R$ 193.050. Justamente por isso, o utilitário da Subaru vem extremamente completo, com fartura de itens de segurança e conforto, além de um motor boxer bem forte para encarar o asfalto.Feito sobre a plataforma adaptada da perua Outback, o Tribeca é empurrado por um propulsor 3.6 litros com bloco em alumínio, seis cilindros horizontais opostos, 24 válvulas e duplo comando no cabeçote. A unidade de força gera 270 cv de potência a 6.000 rpm e um generoso torque máximo de 35,7 kgfm aos 4.000 giros. O motor é gerenciado por um câmbio automático seqüencial de cinco velocidades que se adapta eletronicamente ao modo de condução do motorista.
TRAÇÃO PARA LAMA
A caixa de transmissão tem ainda um sistema de distribuição hidráulica do torque, que despeja a força do propulsor em cada eixo conforme a condição de rodagem. Esse comando funciona em conjunto com o sistema eletrônico de tração permanente nas quatro rodas, com diferencial de escorregamento limitado nos dois eixos -- conjunto que credencia o Tribeca a aventuras na lama, embora o crossover seja mais voltado ao uso urbano. Prova disso é o pacote de segurança ativa e passiva, que traz duplo airbag frontal, lateral e do tipo cortina, freios a discos ventilados nas quatro rodas com ABS e distribuidor de frenagem EBD, controle de estabilidade e apoios de cabeça ativos nos bancos dianteiros. Ao conjunto, somam-se ainda faróis de xênon com lavadores e ajuste de altura do facho de luz, direção hidráulica progressiva, retrovisores laterais com desembaçador e leds das luzes indicadores de direção embutidos e quadro de instrumentos eletroluminescente do tipo blackout -- que fica permanentemente aceso. Já as rodas de liga leve de 18 polegadas, assim como as barras longitudinais no teto, emprestam alguma esportividade ao visual do crossover.Mas o carro não é exatamente arrojado nas linhas, que inspiram mais força do que modernidade. Na frente, o destaque é a grade frontal cromada, com o emblema da Subaru centralizado no topo. Nas laterais, os pára-lamas salientes deixam o Tribeca musculoso e, na traseira, as lanternas afiladas invadem a tampa da mala, no mesmo design comportado do resto do carro. O que compensa a falta de ousadia no estilo do Tribeca é a carroceria parruda. São 4,86 metros de comprimento, por 1,88 metro de largura e 1,72 metro de altura, que resultam em generosos 2,75 metros de entre-eixos e um porta-malas de 525 litros -- expansíveis a 956 litros com os bancos traseiros rebatidos.
SINTA-SE EM CASA
O interior, inclusive, é outro ponto forte no crossover, não apenas pelo espaço. Além dos sete lugares, o Subaru Tribeca traz uma lista grande de equipamentos de conforto. Estão lá volante multifunção e bancos revestidos em couro com ajustes elétricos nos assentos dianteiros e memória para o do condutor, teto solar panorâmico, display multifuncional com tela de LCD e sistema de câmera traseira para manobras embutido no console central, ar-condicionado automático digital de duas zonas com saídas individuais para os bancos de trás, computador de bordo, controle de cruzeiro e um sistema de som premium, com nove alto-falantes e rádio/CD/DVD com MP3, disqueteira para 6 CDs e entradas auxiliares. Com esse conjunto, a Subaru pretende ganhar o brasileiro no recheio e na lista de segurança, e que ele esqueça a beleza e o preço -- por sinal, os dois aspectos mais visados pelo público local, mas pouco destacados no Tribeca.
COMERCIAL DO TRIBECA NOS EUA

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Quem paga a prestação?

Campanha dos bancos pela segurança dos motociclistas está, na verdade, é tentando reduzir o próprio prejuízo
"Popular" - Devagar, bem devagarinho, o carro com motor 1.0 vai perdendo as luzes da ribalta. Depois de atingir espantosos 70% das vendas no mercado doméstico, sua participação caiu esse ano para 42%. O governo federal foi cedendo também devagar, bem devagarinho, e a diferença de impostos caiu para apenas quatro pontos percentuais. O preço de um 1.0 (IPI de 7%) que se arrasta pelas estradas é cerca de R$ 2 mil mais barato que um 1.4 (11%), que oferece desempenho minimamente decente. Diluídos num financiamento de longo prazo, são menos do que R$ 50 na prestação. A Peugeot foi a primeira a derrubar o 1.0, simplesmente deixando de oferecê-lo e substituindo-o pelo 1.4 com mesmo preço. Se o governo imaginar uma tributação intermediária que permitiria eliminar de vez o benefício fiscal do "popular", todas as partes envolvidas sairiam ganhando.
Opções - Inflação em queda é tudo que o governo, os empresários e a sociedade almejam. Só desagrada ao setor dos consórcios, que vê sua curva estatística de vendas despencar em sintonia com os índices inflacionários. Nesse vaivém das opções de compra para quem não paga à vista (hoje no patamar de apenas 30%), o crédito direto ao consumidor (CDC) virou patinho feio, pois a incidência do IOF sobre o valor das prestações tornou mais vantajoso o leasing, isento do imposto. Uma operação que, de fato, não é uma venda, mas um aluguel por prazo determinado, e que dá ao cliente a opção de compra do bem ao final do contrato. Muitos que optam pelo leasing não têm conhecimento desses detalhes do financiamento e ficam bravos lá na frente ao perceber várias limitações dessa operação...
"Up-grade" - Disse outro dia o Sérgio Habib, presidente da Citroën, um dos mais brilhantes empresários do setor: os juros mais baixos e prazos mais longos estão modificando o perfil das vendas dos automóveis brasileiros. E o crescimento do mercado batendo recordes em cima de recordes está mascarando a migração dos clientes para faixas mais altas. Quem comprava os melhores nacionais pulou para os importados. Nesse caso, estimulados também pelo dólar que cada dia vale menos. Os que rodavam com modelos médios como Astra ou Golf subiram para carros maiores como Vectra, Fusion ou Jetta. E a escada continua: quem dirigia compacto assumiu o volante de um médio, e os que se contentavam com os "populares" migraram para os compactos.
E daí para baixo? Quem rodava de usado passou para o popular. Os motociclistas procuram hoje os usados. E quem usava o ônibus já paga a prestação da moto...Aliás, segundo o Habib, ele se admirou com uma campanha publicitária de bancos focando a segurança dos motociclistas. Ele se encontrou com um diretor da associação do setor (Febraban) e elogiou a campanha. E a resposta foi: "Tínhamos que fazer. O índice de acidentes com mortes de motoqueiros não pára de crescer. E a gente deixa de receber a prestação..."

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Pacote econômico

Seu carro está bebendo demais? Trocando peças simples e baratas, você pode cortar o gasto com combustível até pela metade
Você comprou um automóvel usado porque soube que ele é capaz de fazer 10 quilômetros com 1 litro de combustível. Mas descobriu que ele não está passando dos 7 km/l. Ou, então, você comprou um carro zero e após um ou dois anos de uso percebeu que ele está bebendo bem mais do que quando saiu da concessionária. Em geral o grande culpado é um só: falta de manutenção. Se for isso, a solução é simples e - melhor de tudo - barata.
Às vezes, basta um filtro de óleo entupido para o gasto ser até 20% maior. Caso várias peças tenham problemas, o consumo pode dobrar. Entram nessa lista velas, catalisador e filtros de ar e combustível, sem falar do próprio óleo, que pode estar fora da especificação correta - afinal, não falta motorista que confia mais no frentista que no manual do proprietário.
Os sintomas começam a se agravar por volta dos 50 000 quilômetros, mas podem aparecer já aos 20 000. Tudo vai depender da condição de uso severo (trânsito urbano pesado, excesso de estradas de terra), abastecimento com combustível de má qualidade ou a simples falta de troca de filtros.
"O que acontece é que a pessoa compra um automóvel novo e não faz mais nada. Nem as revisões de autorizada ela respeita. Quando alguém compra esse carro como usado, pode estar levando para casa uma verdadeira bomba-relógio", afirma o mecânico Vinicius Losacco. "O mais curioso é que basta você gastar uns 400 reais para deixar o carro em ordem."
Em parte, esse problema ocorre porque os automóveis estão mais duráveis e, portanto, suportam mais tempo sem a manutenção obrigatória. Mesmo assim, não há milagres. Um filtro de ar, por exemplo, deve ser trocado em média a cada 10 000 quilômetros. "E não vale dar aquela batidinha, não. A sujeira que é acumulada internamente não sai batendo", diz Losacco. Aliás, tanto a tal batidinha quanto o uso de jato de ar comprimido podem provocar danos na estrutura do elemento filtrante.
A mesma displicência se vê com o filtro de óleo, responsável por impedir a circulação de impurezas no motor. "Quem vai vender o carro não está tão preocupado com a manutenção preventiva. Assim, o consumo de combustível a mais causado pelo filtro de óleo sujo pode chegar a 20%", afirma Flávio Sureira Netto, técnico de produto da Mann+Hummel Brasil. O óleo sujo perde suas propriedades de lubrificação, aumentando o atrito entre os componentes móveis dentro do motor. E, assim, ele passa a beber mais.
Principal veneno para o automóvel, o combustível adulterado é responsável pela "asfixia" do motor. Câmara de combustão contaminada, válvulas com folga além do especificado e filtro sujo fazem com que o automóvel perca rendimento. A reação do motorista é automática: pisar mais para compensar a falta de potência. "Checar a abertura da folga da vela determina a qualidade da queima do combustível. Para cada motor, há uma especificação própria", diz Ricardo Namie, chefe da assistência técnica da NGK.
Por fim, um dos itens que mais sofrem é o catalisador, que chega a derreter com o tempo. "Havia uma moda de retirar o catalisador para ganhar potência. Mas esse ganho só acontece a 6 000 ou 6 500 rpm, sem falar que o carro perde torque. E isso se traduz em maior consumo", diz Edson Paixão, supervisor do laboratório de emissões da Umicore.
Vale dizer que tudo é uma reação em cadeia: gasolina batizada entope o filtro, assim como velas ruins com filtros contaminados vão sobrecarregar o trabalho do catalisador. "Aliás, ele é um sofredor. Tudo o que estiver errado antes será descontado no catalisador", afirma Antonio Gaspar de Oliveira, diretor técnico do Sindirepa (sindicato das oficinas de São Paulo). Outro problema do catalisador é a pirataria. "Mais de 80% do mercado é atendido com peça falsa", diz Carlos Eduardo Moreira, gerente de desenvolvimento de negócios da Umicore. As conseqüências extrapolam o consumo alto. Os falsos poluem acima do permitido e causam problemas de saúde. Aí o prejudicado deixa de ser só seu bolso.
RECEITA PARA BEBER MENOS
CAUSA: VELAS
O PROBLEMA: Queima incorreta do combustível, por desgaste ou contaminação, ocasionando folga ou obstrução
QUANTO SOBE O CONSUMO: ATÉ 25%
QUANDO TROCAR: A cada 20 000 quilômetros (uso normal) ou 15 000 (uso severo), na média
QUANTO CUSTA: 30 a 100 reais o jogo, em média
CAUSA: FILTRO DE AR
O PROBLEMA: Pode estar entupido com poeira e outras partículas sólidas, deixando mais rica a mistura ar-combustível
QUANTO SOBE O CONSUMO: 10% A 20%
QUANDO TROCAR: A cada 15 000 quilômetros (uso normal) ou 7500 (uso severo), na média QUANTO CUSTA: 30 a 50 reais, em média
CAUSA: FILTRO DE ÓLEO
O PROBLEMA: Quando contaminado por partículas poluentes e combustível adulterado, aumenta o atrito das peças do motor
QUANTO SOBE O CONSUMO: 10% A 20%
QUANDO TROCAR: A cada troca de óleo do motor
QUANTO CUSTA: 20 a 50 reais, em média
CAUSA: FILTRO DE COMBUSTÍVEL
O PROBLEMA: Se estiver sujo, empobrece a mistura ar-combustível. Além de sobrecarregar a bomba de combustível, ela pode até queimar. Caso isso ocorra, o prejuízo é a partir de 200 reais
QUANTO SOBE O CONSUMO: 20%
QUANDO TROCAR: A cada 10 000 quilômetros (uso normal) ou 8 000 (uso severo), em média
QUANTO CUSTA: 20 reais, em média
CAUSA: CATALISADOR*
O PROBLEMA: Pode ter derretido parcial ou completamente
QUANTO SOBE O CONSUMO: DE 5% A 10%
QUANDO TROCAR: A cada 80 000 quilômetros (uso normal) ou 40 000 (uso severo), em média
QUANTO CUSTA: 300 a 500 reais no mercado de reposição
*Pode até ultrapassar os 100 000 quilômetros, mas ele se deteriora rapidamente quando o motor não está funcionando com a manutenção perfeitamente em dia
CAUSA: ÓLEO
O PROBLEMA: O motor pode sofrer carbonização causada por óleo fora de especificação prevista no manual
QUANTO SOBE O CONSUMO: ATÉ 10%
QUANDO TROCAR: A cada 10 000 quilômetros (uso normal) ou 5 000 (uso severo), em média
QUANTO CUSTA: 45 a 90 reais, em média
CAUSA: ALINHAMENTO E BALANCEAMENTO
O PROBLEMA: Pode Atrito irregular dos pneus com o solo, diminuindo o desempenho. Nesse caso, também há um aumento no desgaste dos pneus
QUANTO SOBE O CONSUMO: ATÉ 10%
QUANDO TROCAR: A cada 10 000 quilômetros (uso normal) ou 5 000 (uso em estradas esburacadas), em média
QUANTO CUSTA: 70 reais, em média
Obs. 1: Na dúvida, siga sempre o manual do proprietário do veículo.
Obs. 2: Uso severo entende-se por tráfego urbano intenso, quando a velocidade média é menor que 10 km/h, ou em estradas de terra muito empoeiradas e esburacadas.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Só vale abastecer com álcool em 12 Estados brasileiros

Desde que o carro com motor flex foi introduzido no Brasil, pela primeira vez em um número tão grande de estados não compensa usar o álcool. Com o aumento de preço do combustível na bomba, agora em doze estados é mais vantajoso economicamente usar a gasolina. O preço da gasolina ficou estável em julho, enquanto o do álcool subiu 2,2% e o GNV 1,2%. Diesel e biodiesel subiram respectivamente 2% e 2,3%. Com estes aumentos, principalmente no Norte, Nordeste e em Brasília, não compensa usar combustível derivado da cana-de-açúcar. Os dados são da Ticket Car.O levantamento feito pela empresa mostra que o litro de álcool passou a custar, em média, R$ 1,82, e o da gasolina R$ 2,67. Estes preços são uma média, já que há grandes diferenças de um estado para outro. Em São Paulo, o valor médio do álcool é de R$ 1,29, em Brasília é R$ 1,87 e no Amapá, R$ 2,22. O álcool precisa custar menos de 70% do preço da gasolina para o motorista ter vantagem financeira. Se ele custar mais de 70%, o melhor é usar gasolina. Faça a seguinte conta: divida o preço do álcool pelo preço da gasolina. Se o resultado foi inferior a 0,70, use álcool. Se for superior, use gasolina. Veja abaixo a tabela com os preços de álcool e gasolina por estado e onde compensa abastecer com álcool.
Estado – R$ gasolina – R$ álcool – Diferença em %
AC – 2,983 G – 2,044 A – 31% (Vale usar Álcool)
AL – 2,763 G – 1,941 A – 30% (Não vale usar Álcool)
AM – 2,546 G – 1,838 A – 28% (Não vale usar Álcool)
AP – 2,781 G – 2,227 A – 20% (Não vale usar Álcool)
BA – 2,707 G – 1,824 A – 33% (Vale usar Álcool)
CE – 2,689 G – 1,905 A – 29% (Não vale usar Álcool)
DF – 2,586 G – 1,875 A – 27% (Não vale usar Álcool)
ES – 2,638 G – 1,781 A – 32% (Vale usar Álcool)
GO – 2,514 G – 1,511 A – 40% (Vale usar Álcool)
MA – 2,579 G – 1,860 A – 33% (Vale usar Álcool)
MG – 2,527 G – 1,689 A – 33% (Vale usar Álcool)
MS – 2,762 G – 1,774 A – 36% (Vale usar Álcool)
MT – 2,894 G – 1,555 A – 46% (Vale usar Álcool)
PA – 2,841 G – 2,216 A – 22% (Não vale usar Álcool)
PB – 2,562 G – 1,860 A – 27% (Não vale usar Álcool)
PE – 2,637 G – 1,872 A – 27% (Não vale usar Álcool)
PI – 2,687 G – 2,031 A – 24% (Não vale usar Álcool)
PR – 2,446 G – 1,431 A – 41% (Vale usar Álcool)
RJ – 2,604 G – 1,719 A – 34% (Vale usar Álcool)
RN – 2,620 G – 1,893 A – 28% (Não vale usar Álcool)
PI – 2,687 G – 2,031 A – 24% (Não vale usar Álcool)
RO – 2,785 G – 1,892 A – 32% (Vale usar Álcool)
RR – 2,579 G – 2,010 A – 24% (Não vale usar Álcool)
RS – 2,639 G – 1,811 A – 31% (Vale usar Álcool)
SC – 2,583 G – 1,711 A – 34% (Vale usar Álcool)
SE – 2,609 G – 1,884 A – 28% (Não vale usar Álcool)
PI – 2,687 G – 2,031 A – 24% (Não vale usar Álcool)
SP – 2,450 G – 1,295 A – 47% (Vale usar Álcool)
TO – 2,772 G – 1,751 A – 37% (Vale usar Álcool)

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Tempestade & bonança

O setor automobilístico amargou prejuízos durante muitos anos. Mas quem apostou numa virada não se arrependeu

Depois de jejuar por décadas, o mercado de automóveis viveu momentos de euforia na década de 90. Tudo começou em 1990, quando o então presidente Fernando Collor derrubou as barreiras alfandegárias. Quem nunca comeu melado da primeira vez sempre se lambuza: o festival de importados deslumbrou o consumidor, que não hesitou nem em comprar o russo Lada, pois faltavam compactos nacionais baratos. E marcas de prestígio, mesmo oneradas com elevadíssimos impostos de importação que triplicavam seu preço no Brasil.Alguns anos depois, as quatro marcas aqui instaladas (e que faziam gato e sapato do mercado) tiveram que repartir o bolo com uma leva de multinacionais que decidiram estabelecer fábricas no Brasil.Mas o mercado que desabou em 1998, e o dólar, que disparou em 1999, foram suficientes para desanimar várias delas. O setor amargou anos de prejuízos num mercado retraído, que foi se recuperando lentamente, demorou quase 10 anos para voltar aos patamares registrados em 1997. Foi o período das decepções e defecções. Vários modelos deixaram de ser importados ou produzidos aqui: Alfa Romeo, Lada, Suzuki, Mazda, Mercedes Classe A, Dodge Dakota, Audi A3 e Land Rover.Mas quem pagou para ver não se arrependeu. Nos últimos três anos, o setor não pára de bater recordes. Vamos ultrapassar - em 2008 - o patamar de 3 milhões de unidades produzidas e estamos próximos de assumir a quarta posição no ranking da indústria automobilística mundial.Mas, há sempre uma defasagem entre a evolução do mercado e a decisão das empresas de investir na atualização da linha. No Brasil, a moeda fortemente valorizada complica ainda mais o investimento, pois as importações são muito atrativas. A conseqüência é óbvia: lançamentos "meia-boca" e modelos nacionais defasados em relação ao primeiro mundo.Aqui, a Volkswagen deu um tapa no Golf de quarta geração, enquanto na Europa já se anuncia a sexta. A Kombi dispensa comentários...A GM acaba de pendurar adereços na velha S10 (e Blazer) para garantir sua liderança no segmento de picapes. A Fiat ainda faz sucesso com o Uno Mille e mantém o Stilo, que já foi abandonado há tempos na Itália.A Peugeot apresenta um 207 de mentira, nada a ver com seu xará francês, pois não passa de um bem aplicado bisturi no 206. A Ford insiste na primeira geração do Focus, enquanto o motorista europeu já roda na terceira. Clio e Scénic produzidos aqui estão aposentados pela Renault na França.Mas o fôlego novo na economia, a reviravolta do mercado e os resultados financeiros positivos incentivaram as matrizes a aprovarem ampliações de fábricas, criação de centros de estilo e de engenharia. Novos investimentos no setor são anunciados quase diariamente na imprensa.Ganha quem apostar que vamos passar - a médio prazo - por uma fase de muitas novidades e um realinhamento da indústria automobilística brasileira com a modernidade do setor.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Iluminação - Luz fora-da-lei

Xenônio vira febre no mercado de reposição, substituindo lâmpadas halógenas

A iminente disseminação dos fárois de xenônio deve se tornar, se não for condizente com as leis que regulamentam os sistemas de iluminação, mais um episódio da constante "guerra de faróis" - quando veículos em sentidos opostos, com faróis desregulados ou altos, atrapalham a visão dos outros motoristas, aumentando o risco de acidentes -, que persiste nas estradas brasileiras e contribui significativamente para as elevadas estatísticas de mortes no trânsito.As vantagens em relação aos faróis halógenos credenciam o uso dos faróis de xenônio: luminosidade próxima à da luz do sol, geração de iluminação maior com menor consumo de energia - uma lâmpada de xenônio de 35w, por exemplo, ilumina três vezes mais do que uma de halogênio de 55w -, menor corrente de alimentação, cerca de 3,5 ampères, frente a 10 a 15 ampères dos faróis convencionais, e durabilidade de cerca de 3 mil horas sob condições normais, o que representa quase quatro vezes mais do que as lâmpadas de halogênio. Os kits de xenônio têm luzes de outras cores, além da branca, que não são permitidas pela legislação.A lâmpada de xenônio tem melhor luminosidade em relação às halógenas, o que não significa que seja mais forte. A lei estabelece que veículos com corrente elétrica de 12 volts podem utilizar lâmpadas de 40 a 60 watts de potência, e, nos de 24 volts, as lâmpadas podem ter até 75 watts. A legislação exige que farol com essa luz tem que ser equipado com regulagem automática de altura do facho e lavador para evitar ofuscar motoristas de outros carros, o que deve ser cumprido à risca para veículos novos e usados. Sendo assim, são considerados irregulares os veículos com farol de xenônio, mas sem regulagem de altura de facho e lavador de farol.
AutomáticaA regulagem automática é uma aliada importante e obrigatória do sistema de iluminação de xenônio. Por essa tecnologia, a altura do facho do farol é corrigida automaticamente. "Dois sensores ligados à barra estabilizadora medem a altura da carroceria em relação ao solo. Já o calculador, localizado no farol esquerdo, deduz a inclinação do veículo, corrigindo a altura do fluxo e inclinando, para mais ou menos, o suporte da lâmpada. A regulagem da direção depende do ângulo do volante, do engate da ré, da velocidade do veículo, etc. O sistema tem estratégia de segurança em caso de defeito - o fluxo é voltado para posição baixa e reta", segundo a engenharia da Citroën do Brasil.Se comparado com os tipos de regulagem manual - realizada por meio do ajuste no farol - e elétrica - trazem, normalmente, algumas posições de facho de luz em comando instalado no painel do veículo, que devem ser selecionados levando-se em conta o número de ocupantes e o volume de carga no veículo -, a vantagen é ainda maior, pois, diferentemente destas, não é necessário o ajuste e correção da altura e direção do facho do farol manualmente.ObrigatórioSegundo Marcus Vinicius Aguiar, da Câmara Temática de Assuntos Veiculares do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), as leis que regulamentam a obrigatoriedade da regulagem automática de altura do facho do farol de sistemas de iluminação de xenônio são válidas para veículos que já saem de fábrica com o equipamento e para quem deseja instalar o kit em seu automóvel. "Todo veículo original com farol descarga de gás deve ter a regulagem automática e lavador do farol. Tal prerrogativa também é obrigatória no mercado de reposição. A regulamentação para sistemas de iluminação, seja a Resolução 682/88, seja a recente Resolução 227/07, vale tanto para sistemas originais como para quaisquer sistemas a serem instalados nos veículos, devendo ser observadas as indicações sobre instalação - posição -, bem como requisitos de potência, fotometria e colorimetria. Não há nenhuma exceção na regulamentação para substituições", explica.Aguiar diz ainda que existem outras restrições para alguns sistemas de faróis que devem ser observadas antes da substituição. "O conjunto do farol é projetado para funcionar com determinado tipo de lâmpada. A utilização com potência superior, bem como com a sua posição em relação à parábola distinta da original, pode acarretar ofuscamento", afirma.CSVSegundo o Denatran, a substituição do sistema de iluminação original do veículo deve ainda ser informada à autoridade responsável e passar por inspeção para que seja permitida em conformidade com a lei brasileira. "O interessado deve solicitar a autorização prévia da autoridade responsável pelo registro e licenciamento do veículo (Detran). Após a modificação, o veículo deverá passar por inspeção técnica veicular, caso seja aprovado, receberá certificado de segurança veicular (CSV), que deverá ser entregue ao Detran, como forma de comprovar que a modificação atende à legislação brasileira. O órgão de trânsito incluirá essa informação no CRLV do veículo", finaliza. Os carros que não respeitam as exigências da lei podem ser apreendidos em blitz de trânsito

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Ordem é economizar

A relativa calmaria no mercado internacional do petróleo – queda de até US$ 20 no preço do barril – reflete os resultados já esperados. A queda do consumo de combustível nos EUA e em outros países maduros diminuiu a pressão sobre os preços. Além disso, as vendas de veículos novos despencaram 12% nos EUA e em percentuais variados na Europa, no primeiro semestre. Portanto, desmonta-se a tese da especulação para explicar os aumentos expressivos dos últimos 12 meses.O mundo entendeu que precisa mudar na área de transportes. Os americanos estão comprando menos picapes e utilitários pesados e partindo para automóveis e veículos mais leves. Na Europa, carros subcompactos nunca venderam tão bem. O recente progresso na tecnologia das baterias – peso menor, densidade de carga maior – permite algum avanço na oferta de modelos híbridos (motores a combustão e elétrico) e mesmo os puramente elétricos.A área de biocombustíveis desperta cada vez mais interesse. Uma empresa americana, Gevo, pesquisa um novo tipo de álcool, o isobutanol. Entre as vantagens, em relação ao nosso etanol, estão o poder calorífico equivalente ao da gasolina, o custo só um pouco mais elevado e também servir como matéria-prima para biodiesel, bioquerosene de aviação e plásticos. Para o Brasil é um grande negócio porque essa tecnologia é bem mais eficiente a partir de álcool de cana-de-açúcar. Os investimentos nas atuais destilarias seriam relativamente baixos. Os estudos ainda levarão dois anos até chegar à escala comercial.O isobutanol pode ter implicações mesmo na Europa, onde o diesel avançou entre os automóveis. Basta tomar o exemplo da Itália. Em 1980, o diesel – essencial em caminhões e ônibus – custava 55% menos que a gasolina. Mês passado, o diesel era vendido ligeiramente mais caro que a gasolina. O fenômeno ocorre em todos os países europeus em menor ou maior grau. O transporte de bens encareceu e os automóveis ainda subiram de preço porque a tecnologia para “limpar” motores diesel é cara e complicada. Estratégia pouco inteligente.No Brasil, a boa notícia é que, finalmente, a etiquetagem de consumo de combustível começa em 2009. Coordenado pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), o programa será lançado no próximo Salão do Automóvel de São Paulo (30/10 a 9/11), com dois anos de atraso. Uma das razões foram mudanças nos motores para a nova fase de emissões, a partir de janeiro.Também causou muita discussão o enquadramento dos modelos. Optou-se pela área projetada no solo (comprimento vezes a largura) e oito categorias: subcompactos, compactos, médios, grandes, esporte, fora-de-estrada, picapes pesadas e leves. O programa é voluntário, mas cada marca informará o consumo de pelo menos metade dos modelos nacionais e importados à venda. A etiqueta trará esses dados e um gráfico de barras para o comprador conferir se o carro está acima ou abaixo da média da categoria.É importante o País incluir, também, metas de diminuição de consumo, como o resto do mundo. Os fabricantes preferem desconversar. O programa de etiquetagem, porém, pode significar o primeiro passo nessa direção.
RODA VIVA
MÉXICO continua a ser alternativa para exportações ao Brasil. Acordo bilateral, sem imposto de importação, facilita tudo. GM acaba de inaugurar nova fábrica lá (US$ 1 bilhão de investimento) para produzir o Chevrolet Aveo, compacto moderno projetado na Coréia do Sul. Será exportado para a América do Sul, menos Brasil e Argentina, segundo os mexicanos. A conferir.
FURTO de catalisador para venda de metais preciosos nele aplicado tornou-se quase epidêmico na Inglaterra. Ford trabalha com empresa especializada em marcações invioláveis na tentativa de amenizar o problema. Aqui se tem notícia de que oficinas desonestas, com ou sem consentimento do dono do carro, também substituem a peça por uma falsa. Grave prejuízo ao meio ambiente.
INDEPENDENTE da polêmica escolha do nome 207, Peugeot tem produto de peso entre os compactos. Ambiente interno, materiais de acabamento (em especial do painel) e melhor isolamento acústico atraem. Outros destaques: comando do câmbio melhorado, suspensão mais silenciosa e preço menor (sem truques). Posição de dirigir não é ideal, nem o casamento estético de frente e traseira.
IMPERDÍVEL: A História do Automóvel, primeiro volume (de três) do decano jornalista José Luiz Vieira sobre o tema. Paginado mais como revista do que livro tradicional, tem inúmeras informações curiosas em forma de drops. O mundo, por exemplo, tinha apenas 900 milhões de habitantes em 1800 (só a China, hoje, 1,3 bilhão). A mobilidade continua, como nunca, no centro das atenções.
ILHAS de descanso para o público são parte da estratégia de feiras organizadas pela Reed, proprietária da Alcântara Machado. Empresa anglo-holandesa tentará implantá-las no próximo Salão do Automóvel, apesar das dificuldades do pavilhão do Anhembi, em São Paulo, que recebeu outra reforma parcial.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Samba da cadeirinha doida


Segurança no transporte infantil é questionada por universidade e motivo de controvérsia entre dois órgãos do governo federal
Imagine um motorista cuidadoso, que respeita a legislação e cuida com carinho da segurança de sua família no automóvel. Sua principal preocupação é com as crianças. Sabe que elas só podem viajar no banco traseiro e com acessórios especiais para acomodá-las.Mas quais são exatamente esses acessórios?A resolução número 277, publicada no início do mês pelo Contran, explica o que utilizar em função da idade das crianças. Bebê Conforto, cadeirinha ou booster (elevador). Mas, entre as disponíveis no mercado, quais as aprovadas?Insegurança A resolução do Contran não entra no detalhe, nem exige que sejam certificadas pelo Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro). O motivo provável é de que cadeirinhas aprovadas pelo Inmetro no passado - com selinho e tudo - não apresentavam condições de segurança. Uma desmoralização do órgão que deveria zelar pela qualidade do que se comercializa no mercado.Além disso, o Contran prevê o início da fiscalização do equipamento somente dentro de dois anos, ou seja, em junho de 2010.Mas o próprio órgão encarregado da regulamentação do trânsito escorrega na legislação relativa ao transporte de crianças. Elas só podem ser levadas no banco traseiro, por óbvia questão de segurança. Mas o Contran abre exceção no caso das picapes que só têm banco dianteiro: nesse caso, o órgão não se importa que a criança seja exposta a riscos no caso de um acidente. E a resolução 277 não menciona a obrigatoriedade das cadeirinhas no transporte infantil em escolares, coletivos nem táxis.DerrapagemO Inmetro, por outro lado, diz que a certificação das cadeirinhas não era compulsória. Como se isso justificasse que, por ser voluntária, o órgão concedesse ao fabricante o direito de pespegar o selinho de qualidade em equipamentos sem condições.Aliás, num evento promovido em 2006, a Universidade de Campinas (Unicamp) confirmou que várias cadeirinhas fabricadas no Brasil e aprovadas pelo Inmetro eram inseguras. Não foi a única derrapagem do órgão: ao estabelecer padrões questionáveis para a certificação de pneus remoldados, também colocou em risco a segurança do brasileiro.Mas agora os testes são obrigatórios e, a partir de 31 de outubro, o Inmetro vai exigir o selo de certificação em qualquer cadeirinha comercializada no país.É samba do crioulo doido: a Unicamp questiona a qualidade e a segurança do produto certificado. O Contran não exige o selo para que a cadeirinha seja instalada no carro. E o Inmetro diz que só as certificadas poderão ser comercializadas...E então, como é que fica o zeloso pai interessado em acomodar suas crianças com segurança no automóvel?O jeito é comprar uma cadeirinha importada, produzida e certificada num país em que segurança e homologação de equipamentos são levados mais a sério do que no Brasil.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Segurança nunca é pouco

Sete horas de palestras discutem problemas e soluções no trânsitoTrânsito nas grandes cidades e segurança veicular são temas interligados e estão na pauta do dia. A Associação Brasileira de Engenharia Automotiva organizou, em São Paulo, um seminário para discutir problemas e soluções. A Inspeção Técnica Veicular (ITV), por exemplo, está em discussão há exatos 20 anos. Até hoje se limita a algo superficial no estado do Rio de Janeiro e, em 2009, apenas verificação de emissões no município de São Paulo.Grandes congestionamentos, afirma o professor e especialista Jaime Waisman, não vão parar nenhuma cidade. O trânsito fica mais lento, porém a sociedade acaba por encontrar saídas. Planejamento, verbas de engenharia não-repassadas, aspectos educativos e culturais (carona) e investimentos em transporte sobre trilhos deveriam estar na linha de frente, entre outros.César Urnhani, da Pirelli, destacou a importância da condução eficiente. Usando menos câmbio e freio, o motorista economiza, além de lidar melhor com o trânsito. Carlo Gibran, da Bosch, mostrou que Japão, União Européia, EUA e até a China têm compromissos formais e metas de redução de mortes em acidentes. A maioria das colisões seria evitada se o motorista reagisse meio segundo antes. Para tal, a assistência eletrônica permitirá em breve a visão periférica permanente de 360 graus, além de atuar sobre freios e direção de forma automática.Estudos nos EUA reafirmam a importância dos cintos de segurança. Eles reduzem o risco de morte em 50% e, associados aos airbags, aumentam as chances de sobrevivência em mais 26%. O simples sistema de alerta de uso dos cintos poupou 5% das vidas. Para conscientizar as pessoas no Brasil, o Centro de Experimentação e Segurança Viária (Cesvi) anunciará, no final do mês, um novo índice para os carros. Segundo Sérgio Fabiano, o objetivo é criar uma classificação ponderada de itens oferecidos de segurança ativa, passiva e patrimonial.Orlando Silva, do Denatran, listou as regulamentações de vários dispositivos nos últimos dois anos. Reafirmou que faróis de xenônio não poderão ser simplesmente adaptados, a partir de janeiro de 2009. Haverá procedimento rigoroso a cumprir. Continuam em análise a obrigatoriedade de freios ABS, encosto de cabeça e cinto de três pontos para o passageiro central do banco traseiro e pré-tensionadores dos cintos dianteiros.Ivan Lelis, da Philips, frisou o risco de acidente à noite três vezes maior do que o dia. Ainda assim, normas de potência elétrica das lâmpadas, linha de corte dos fachos e temperatura de cor (super branca melhor que azul, irresponsavelmente na moda) precisam ser seguidas. Kits de adaptação de lâmpadas de xenônio são liberados no Japão, mas proibidos na Europa e no Brasil.Dispositivos de comunicação por Bluetooth (sem fio) para conversação com telefones celulares, mantendo as mãos livres do motorista, foram mostrados por Luiz Sales, da Motorola. A maioria dos países permite o seu uso, apesar de alegações polêmicas sobre distração. O fato é que há outros fatores bem mais perigosos envolvendo a falta de atenção, como cansaço e sonolência.No total, mais de sete horas de palestras e debates deram o tom: nunca é pouco discutir segurança.
RODA VIVA
DEPOIS de novos recordes de produção e vendas em julho – no mês e no acumulado do ano –, a Anfavea confirmou: Brasil é o sexto maior produtor, posição nunca ocupada no ranking mundial. Quanto ao mercado interno, a entidade depende de dados da Rússia. Esse país, como o Brasil, integra a OICA (Organização Internacional dos Construtores Automobilísticos), mas sua estatística de emplacamentos é imprecisa.
AINDA sobre ranking. Na Europa, de acordo com Jato do Brasil Informações Automotivas, compilando números da matriz inglesa, eis os mais vendidos no primeiro semestre: Golf, Peugeot 207, Focus, Clio, Corsa, Astra, Fiesta, Punto, Polo e BMW Série 3. Dos 10, nove são fabricados aqui (só Punto e Polo alinhados ao que se faz lá) e a classificação, bastante diferente. Focus, agora em setembro, também estará alinhado.
CITROËN C3 recebeu retoques para o ano-modelo 2009. Aproximou-se do modelo francês que, aliás, mudou quase nada desde 2001 (o novo está por chegar). Quadro de instrumentos é a principal diferença, maior na versão européia. Seguiu a tendência e agregou ar-condicionado digital, sensores de chuva e iluminação (versão Exclusive), sem reajustar preços.
REVERTENDO a tendência – para o lado bom – novo Gol voltou a ter intervalo de troca de óleo de 10.000 km, em vez de 15.000 km (ou um ano). Muitos fabricantes encurtaram esse período, ao alegar problemas com combustível adulterado. Desconfia-se, porém, que a intenção era (e é) melhorar o fluxo de clientes nas oficinas autorizadas. Quem falhar perde a garantia.
PAULO Rollo compilou 23 anos nas estradas, onde rodou quase 1,5 milhão de km por 71 países, no livro Volta ao Mundo em 8.000 Dias. Com 232 páginas, centenas de fotos selecionadas e um DVD a publicação pode ser adquirida pela internet, no site www.paulorollo.com

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Segurança - Cabeça tonta

Falta de apoios nos bancos de trás é decorrência de fatores que vão desde a grande flexibilidade da lei ao desleixo das motadoras e falta de informação de motoristas

Equipamento fundamental de segurança para proteger o pescoço, em caso de acidente ou freada brusca, os apoios de cabeça passaram a ser obrigatórios somente a partir do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), em 1998 (artigo 105/III). Mas a regulamentação da exigência, pela Resolução 44, de 21 de maio de 1998, do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), bobeou nos bancos de trás: tornou facultativo o apoio para o passageiro do meio e ainda permitiu que os laterais só fossem obrigatórios nos veículos cujos projetos (e não a fabricação) fossem concebidos a partir de 1º de janeiro de 1999. O resultado são automóveis inseguros para os ocupantes dos bancos de trás, especialmente para quem senta no meio, que continua sendo tratado de maneira, opcionalmente, insegura.Dez anos depois, quase todos os veículos fabricados no Brasil são fruto de novos projetos e, obrigatoriamente, têm os apoios laterais nos bancos de trás. Mas a falta de interesse na preservação do pescoço fica evidente naqueles cujo projeto é anterior a 1999, como o VW Gol City (quarta geração) e o Renault Clio Campus, que não têm nenhum apoio atrás e não há possibilidade de comprá-lo, nem como opcional; e os Fiat Uno, Palio Fire e Siena Fire, que também não têm os apoios de série, mas pelo menos os dois laterais podem ser adquiridos como opcionais.Nos projetos novos, o terceiro apoio ainda é quase que exclusividade dos segmentos médio em diante (e em alguns casos nem nesses). Muitas vezes, o equipamento não é vendido nem como opcional. Nesse quesito, ponto para a Fiat, que equipa seus modelos com o apoio central traseiro (do meio) a partir da linha 1.0 ELX.
Citroën
C3 e C4 Pallas: série, somente dois; demais modelos: série, três
Fiat
Uno, Palio Fire e Siena Fire: opcional e somente dois; linha 1.0 ELX e todos os demais modelos: série, três.
Ford
Todos os modelos (exceção Focus Ghia): série, somente dois; Focus Ghia: série, os três; Fusion: série, apenas dois, que não são exatamente apoio, mas extensão do banco
GM
Zafira e Omega: série, três; demais: série, somente dois
Honda
Fit: série, somente dois; demais modelos: série, três
Nissan
Tiida e Sentra: série, somente dois; Murano, Pathfinder e X-Trail: série, três
Mitsubishi
Outlander: série, três; Pajero Full: três para segunda fileira de bancos e dois para a terceira; demais: série, somente dois
Peugeot
Linha 206 e 207: série, somente dois; linhas 307 e 407: série, três
Renault
Clio Campus: nenhum, nem como opcional; Clio Sedan, Sandero, Mégane 1.6 Expression e Kangoo: série, somente dois (são de série também nos sexto e sétimo bancos, quando existem); Logan: série, somente dois, três, na versão topo de linha; demais versões.
Toyota
Corolla XLi e Hilux: série, somente dois; demais versões do Corolla e outros modelos: três, série
VW
Gol City (quarta geração): nenhum, nem como opcional; Parati (básica): opcional e somente dois; demais modelos: série, dois; linha Fox, Polo e Golf: o terceiro é opcional; Golf GTI e Comfortline, Jetta, Passat e Touareg: série, três; Kombi, série, três nos bancos da frente (nos outros bancos há apenas para a versão escolar).

No lugar certo
Especialista explica como ajustar o equipamento. Em enquete, 90% dos condutores reconhecem a importância, mas admitem não ter preocupação na hora da compraOs apoios de cabeça são mais uma peça do sistema de retenção do veículo, como cintos de segurança e cadeirinhas para crianças, e, como tal, vêm sendo estudados com mais atenção. Sua ausência pode levar a lesões na coluna cervical com conseqüências sérias, mas, mesmo quando no veículo, a regulagem é também fundamental para a correta proteção em caso de acidente.O engenheiro Ivo de Castro, da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil), e integrante da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para estudos de impactos frontal e traseiro nos veículos, explica que o apoio de cabeça é um gerenciador de energia e deve estar o mais próximo possível da cabeça (veja figura acima). "Quanto maior o espaço entre a cabeça e o apoio, maior a energia cinética que a cabeça vai absorver. Então, quanto mais rápido o apoio começar a atuar, melhor para o ocupante. Por isso deve estar o mais próximo possível da cabeça", diz. Com relação à manutenção, ele diz que o melhor é mexer o mínimo possível: "O mecanismo de ajuste é sensível. Então quanto menos for mexido, maior será a durabilidade".Ivo de Castro reforça a importância do equipamento, ressaltando que, em um acidente, quando não existe o apoio de cabeça, a coluna cervical fica solta, enquanto a lombar está toda apoiada no banco: "A cabeça de um adulto pesa, em média, 4 kg. Com o impacto, é deslocada para trás, sendo sustentada pelo pescoço. O efeito final é relativo, mas um impacto na traseira pode gerar sério dano na coluna cervical.
"Pesquisa"O equipamento deveria ser obrigatório para todos os passageiros. Se acontece acidente, é um apoio para a cabeça", afirma o caminhoneiro Daniel Caetano da Silva, enquanto dirigia um Fiat Palio, com apenas dois apoios de cabeça nos bancos de trás. "Hoje é obrigatório por lei, mas não o terceiro. Acho que deveria ser também", concorda o analista de sistemas Edson Gonçalves, num Fiat Siena, também com dois apoios atrás. O pensamento de Daniel e Edson é quase unanimidade motoristas e passageiros que foram entrevistados pelo caderno de Veículos do jornal Estado de Minas nas ruas de Belo Horizonte e responderam à enquete realizada pelo portal Vrum, em que 90% disseram saber que o equipamento é um item de segurança. No entanto, quando questionados se pensaram nisso na hora de comprar o veículo, quase a maioria dos entrevistados disse que não.

Carros brasileiros terão selo ambiental


Etiqueta trará informações de consumo e de emissão de poluentes dos veículos feitos no Brasil
A partir de outubro deste ano, todos os automóveis produzidos no Brasil terão um selo ambiental que indicará o consumo do combustível e a emissão de poluentes de cada. O anúncio foi feito hoje, em Brasília, pelo ministro do Meio Ambiente Carlos Minc, em audiência pública na Câmara dos Deputados, segundo a Agência Brasil de notícias. O lançamento desta etiqueta, apelidada de selo verde, será realizado durante o Salão do Automóvel, no fim de outubro. Segundo o ministro, este selo dará a oportunidade aos motoristas de escolher os carros que poluem menos. Na Europa esta prática já é comum, tanto que os últimos salões de lá tiveram como tema principal a preservação ao meio ambiente. No Salão de Frankfurt do ano passado, o maior de todos, os dados de emissão de poluentes ocupavam mais destaque até mesmo que a potência dos carros. As montadoras também estavam mais preocupadas em anunciar tecnologias que faziam com que os motores poluíssem menos e consumissem menos combustível.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Falta de respeito


Lista de anúncios mentirosos é longa e tudo indica que está longe o dia em que a situação vai mudar
Mais uma propaganda enganosa está ameaçando o consumidor brasileiro. Dessa vez, quem encarnou - com perfeição - o papel de Pinóquio foi o grupo Caoa, importador da marca Hyundai. O anúncio inclui, entre os equipamentos de série do utilitário-esportivo Veracruz, alguns itens inexistentes que não estão presentes no veículo comercializado no mercado interno. Não é a primeira vez - e lamentavelmente não tem jeito de ser a última - que se flagram anúncios mentirosos da Hyundai no Brasil. Sua agência de propaganda tem critérios duvidosos para alardear as conquistas da empresa coreana. E sapeca nos anúncios ser “a marca mais vendida na Europa”. Só se esquece de esclarecer que a liderança é apenas "entre as asiáticas". Diz ainda que um de seus modelos “é o melhor do mundo”, baseando-se numa pesquisa feita... no mercado norte-americano.Até agora, a agência do grupo Caoa só distorcia resultados de pesquisas e estatísticas, sem anunciar falsidades. Dessa vez, foi pega com a boca na botija, por um instituto brasileiro de defesa do consumidor (Pro Teste), na tentativa de enganar seus clientes.Não pense entretanto o prezado leitor que a Hyundai é a única a publicar anúncios enganosos. A lista é longa.A Volkswagen, por exemplo, disse uma vez que tinha o mais potente motor 1.0 do mercado. Mentira. A avaliação era baseadaem padrões não utilizados no país. E alardeia, hoje, que o motor do Golf GTI (turbo, com 193 cv) é o mais potente do Brasil. Mentira: para alcançar essa potência, o carro tem que ser abastecido com uma gasolina (Podium) só encontrada em alguns postos da Petrobras.A Ford é mentirosa também. Uma vez, num filme publicitário da Courier, pôs na caçamba da picape um caixote de 700 kg. Mentira: esse peso é a soma de quem vai na cabine (motorista e passageiro) mais o da caçamba. A menos que a Courier pudesse ser dirigida por controle remoto...E tem sempre uma ou outra mentirinha pespegada pelas fábricas de automóveis. Nem que seja para anunciar "esportivos" que , de esportivos, só têm o nome e as faixinhas decorativas. Confiram o Vectra GT...Mas as fábricas de automóveis não estão sozinhas: o setor é um inesgotável filão explorado por empresas que não perdem a chance de vender gato por lebre.Está enganado quem, por exemplo, imagina que a Shell, por ser uma poderosa e famosa multinacional, trata o consumidor com respeito. Ela atribui à sua gasolina V-Power o poder de aumentar a potência dos motores. Mentira: na Europa, a V-Power, com maior octanagem, cumpre o prometido. No Brasil, ela tem apenas bons aditivos e a propaganda que se vale de peixinhos vitaminados, nada mais.A lista de mentiras é longa, não existe nenhum órgão do governo para pôr ordem na casa e tudo indica que está distante o dia em que o consumidor brasileiro terá o respeito que merece.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Plecinho camalada


Peças chinesas chegaram com preços muito baixos e qualidade nem sempre confiável. Mas nem todas são descartáveis
Elas vieram aos poucos, e conquistaram seu espaço nas prateleiras com preços agressivos. E assustaram as empresas de autopeças, que pediram salvaguardas ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e à Receita Federal, especialmente para baterias, rolamentos e cruzetas. Uma das idéias é aumentar a alíquota de importação, atualmente em 11%.
Como elas estão presentes em várias seções das lojas – de fusível a rolamentos –, quem não perguntar ao balconista pode nem desconfiar da origem chinesa. Somente quando souber o preço. Mas qual a mágica para vender mais barato que as nacionais, mesmo recolhendo imposto de importação? Uma explicação está no custo da mão-de-obra por lá, que é baixo. Veja o exemplo: segundo o engenheiro mecânico Rubens Venosa, consultor da Autoesporte, uma bomba de água chinesa para o Jeep Cherokee entra no país para o fornecedor por US$ 20 (cerca de R$ 36), custando US$ 7 (R$ 12) na China. A original não sai por menos de R$ 3 mil.
Como tudo que é novo, as peças chinesas causam confusão e dúvidas, mas despertam curiosidade. O guia de turismo Santiago Matias, de São Paulo, foi um destes curiosos, e colocou um atuador de marcha lenta chinês em seu Renault Scénic. Mas se arrependeu: “Em pouco tempo começou a oscilar e o motor morreu algumas vezes. Meu mecânico, então, trocou por um americano, e voltou a funcionar perfeitamente. Tudo indica que foi a qualidade da peça, que pretendo devolver porque tem garantia de um ano”, conta.
Guilherme Turquetto, vendedor da Autopeças Disco Freio, em Jundiaí (SP), por sua vez, defende as peças orientais: “Aqui sai muito rolamento para veículos pesados. Os donos de veículos de passeio ainda resistem um pouco, mas começam a comprar”, afirma. Segundo ele, a loja trabalha muito com a ZWZ, uma das maiores empresas de autopeças da China. “Tem boa qualidade e durabilidade. Nunca tive reclamações”, garante.
Rubens Venosa concorda. “Nem tudo que vem da China é ruim”, afirma. Antônio Carlos Bento, coordenador do Grupo de Manutenção Automotiva, órgão ligado ao Sindipeças, também: “Sou ex-funcionário de uma multinacional de autopeças, e sei que muita coisa de lá tem qualidade”, explica. Tanto que a GM adotou pneus chineses Champiro para as linhas Celta e Prisma, enquanto a Fiat anunciou que irá importar pneus e rodas de liga da China, pois são até 20% mais baratas.
O baixo preço das peças chinesas criou ainda uma prática questionável nas oficinas, mesmo as com boa reputação: segundo Venosa, oficinas que prestam serviço para autorizadas colocam as chinesas em usados “totalmente revisados”. “Como o dono vai saber disso?” Para ele, é uma aposta: caso a peça dê problema dentro dos três meses de garantia, trocam sem questionar, pois ainda têm margem. Se não der, ótimo. O problema fica para você no futuro.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Fiat Strada - Strada cabine dupla

Flagramos as picapes Fiat Adventure Locker e o modelo para cinco ocupantes

Banco traseiro inteiriço, com três encostos de cabeça, revela a identidade do novo projeto, que terá caçamba menor, conforme projeção feita sobre a estendida
Depois de dois meses de busca, o caderno Veículos do jornal Estado de Minas e o Vrum conseguiram a primeira imagem do modelo cabine dupla da Fiat Strada, rodando do lado de fora da fábrica. A picape compacta será lançada em 2009 e terá capacidade para cinco ocupantes, porém com caçamba menor. A reportagem também fotografou as versões de cabine estendida Trekking e Adventure Locker, que chegam dia 15. Veja mais fotos de segredos da Fiat! Atrás tem genteO lançamento da versão cabine dupla da Fiat Strada será no primeiro semestre de 2009. O modelo flagrado pela reportagem estava camuflado para tentar se passar pela perua Weekend, porém, a tampa traseira e o conjunto de suspensão entregam que é a picape para cinco ocupantes. É a primeira vez que o modelo é fotografado. Mesmo com o disfarce pesado, o Estado de Minas, com base em fotos e descrições, fez projeção bem fiel das linhas do futuro modelo. Será comercializada somente na versão Adventure Locker e trata-se do primeiro modelo a vir com essa configuração de fábrica. Na década de 1980, Ford Pampa e Volkswagen Saveiro tinham modelos para cinco ocupantes, porém eram transformações "caseiras".

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

GPS em expansão

Produzido em grande escala, equipamento custaria R$ 200

Um evento para profissionais, realizado semana passada em São Paulo, discutiu tendências de um mercado que vai crescer exponencialmente. Realizada pela primeira vez, a Feira Latino-Americana de Localização e Rastreamento destacou a importância que o GPS (Sistema de Posicionamento Global, em inglês) assumiu e os desdobramentos no dia-a-dia dos proprietários de veículos.A partir de agosto do próximo ano, entra em vigor a resolução do Contran obrigando o uso de dispositivo de localização em veículos novos – automóveis, comerciais leves e pesados, e motocicletas. Trata-se de uma interpretação peculiar da lei complementar que criou o sistema nacional de prevenção, fiscalização e repressão ao furto e roubo de veículos e cargas. De fato, a lei impõe um dispositivo antifurto, porém rastreamento e bloqueio são bem mais que isso, além de caro. Será facultativo o motorista contratar o serviço.Estimativas indicam que, hoje, mais de um milhão de veículos leves e 200 mil caminhões (nesse caso, 15% da frota) já utilizam rastreadores/bloqueadores. O engenheiro Antônio Calmon, coordenador desse programa no Denatran, afirmou que a decisão é irreversível, apesar da resistência dos fabricantes de veículos. Todas as questões técnicas estariam resolvidas, desde o cartão SIM universal até a bateria auxiliar com autonomia mínima de 6 horas e durabilidade não inferior a 3 anos.“Elegemos o sistema GPS pela cobertura nacional que a constelação de satélites proporciona. O módulo de comunicação será bidirecional. Integração com a arquitetura elétrica e localização segura da antena, responsabilidades de cada fábrica. Em caso de retirada do equipamento, o motor deverá parar de funcionar. E o bloqueio, ordenado pela central de monitoramento, só com o veículo imobilizado”, explicou Calmon.Produzido em grande escala, o equipamento custaria em torno de R$ 200. Relativamente barato para um caminhão, bem caro para uma motocicleta. O preço pode cair com novas tecnologias. O governo espera um barateamento do preço do seguro e até das prestações do financiamento: bancos teriam acesso facilitado ao veículo. Como todos os carros terão GPS, poderia haver integração com os navegadores de bordo por um custo menor.Otimista mesmo está o setor de navegação. É o produto com maior crescimento, em menor espaço de tempo, em toda a história da eletrônica. Só no ano passado, entre fixos e portáteis (90% do total), as vendas mundiais atingiram 44 milhões de unidades, a maioria na Europa, onde há 130 modelos à disposição. O mercado de navegadores GPS no Brasil só tem dois anos, 15 modelos e previsão de 150.000 unidades, em 2008. Pode chegar a um milhão por ano até 2011. O potencial é imenso, pois aqui só atinge 1% da frota de automóveis e, no mundo, 20%.Ainda há problemas, como qualidade e atualização dos mapas nas 270 cidades brasileiras navegáveis, mas já correspondem a 40% da população total e abrangem mais de 50% da frota. A evolução levará à navegação dinâmica, em tempo real, capaz de alterar rotas em função do trânsito, horário e dia. No exterior isso já está próximo. Aqui, deve demorar, embora boas surpresas não devam ser descartadas.

RODA VIVA VENDAS de picapes vêm sofrendo em todo o mundo, pois são veículos pesados e inadequados em tempos de combustível caro. Consideradas “transportadores de ar”, pois as caçambas vivem vazias, levaram a VW a cancelar futura produção na Europa do modelo médio batizado provisoriamente de Robust. Confirmada na Argentina, a partir de 2009, com volume a revisar.

CUSTOS aumentados, aperto nas emissões e queda nas vendas em razão do petróleo nas alturas aproximam fabricantes generalistas e de modelos premium. Fiat e BMW estudam, até o final do ano, possível colaboração. Uma das hipóteses é a próxima geração do Mini partilhar arquitetura com o sucessor do Alfa Romeo MiTo que, por sua vez, deriva-se do Punto italiano.

MARCELO Almeida, deputado federal e ex-diretor do Detran paranaense, empenha-se pela introdução dos assuntos de trânsito nas escolas públicas e particulares. Pede ao ministério da Educação estudar a implantação com urgência. Se a grade curricular não permitir que, ao menos, preveja uma aplicação transversal do tema em várias disciplinas já existentes.

TECNOLOGIA Bluetooth de comunicação sem fio, num raio de até 10 metros, tem mais aplicações acessíveis. A partir de R$ 150,00, adaptadores no carro para celulares Bluetooth permitem falar com mãos livres, boa qualidade de som e evita multas. Multilaser oferece também versão com bateria própria, capaz de parear até oito números telefônicos, por R$ 200,00.

CONCESSIONÁRIAS insistem em oferecer películas escurecedoras, também nos vidros dianteiros, como brinde para carros novos. Correm o risco de trazer problemas para o motorista, quando a fiscalização começar por meio de medidores de transmitância luminosa. Homologação do aparelho depende do Inmetro que parece, estranhamente, não ter pressa. Apesar dos riscos para a segurança.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Dose dupla de incompetência

Grande parcela dos acidentes rodoviários que ferem e matam os brasileiros são provocados pela incompetência e pusilanimidade do governo federal
Quando o assunto é segurança de trânsito, o governo brasileiro é duplamente incompetente.Primeiro, ao fechar os olhos para as empresas que iludem o consumidor e fazem propaganda enganosa, oferecem produtos sem qualidade e atentam contra a segurança, adulteram, iludem e trapaceiam.Em segundo lugar, no trato canhestro e equivocado dos problemas de trânsito que afligem a sociedade.Desnecessário insistir que o motorista é vítima do governo quando decide viajar com seu carro e acaba perdendo pneus, rodas, suspensão e momentos de lazer numa das milhares de crateras que brotam no asfalto das rodovias federais. "Não tem verba", diz o ministro. Como se o povo não soubesse no bolso de quem foram parar as verbas. E, quando tem, é para uma inócua operação "tapa-buraco", que dura até as chuvas seguintes.Além da passividade operacional, sua inércia para fazer cumprir a legislação de trânsito é digna de nota.O Código Brasileiro de Trânsito (CBT), por exemplo, já está em vigor há 10 anos, mas até hoje o governo não teve o interesse ou a competência de implantar a inspeção veicular nele exigida. E tome sucata sobre rodas infernizando o trânsito, colocando em risco a vida de todos e poluindo o ar que respiramos.A inércia governamental vai muito além. O Contran, por exemplo, não teve coragem de proibir os famigerados "engate bola" e "quebra-mato": por mais prosaico que possa parecer, foi suficientemente pusilânime para "regulamentá-los". Exigiu que os fabricantes de automóveis especificassem quais modelos poderiam receber o engate bola na traseira. As fábricas cumpriram a exigência, mas até hoje não foi estabelecida a forma de fiscalizar o uso da geringonça. E dificilmente o será, pois é praticamente impossível um policial de trânsito distinguir - diante de uma extensa lista - se um automóvel pode ou não usar o equipamento. Ou seja, muito se falou, nada se fez.Por falar em acessório, cinto de segurança não é usado nem no banco traseiro dos automóveis nem nos ônibus interestaduais. Mas é freqüente a imprensa noticiar mortes nas estradas provocadas pela falta do equipamento. Quem fiscaliza? Quem é o responsável por essa carnificina?A proibição da venda de bebidas nas estradas deve ter sido decidida por alguém alcoolizado: em vez de punir o motorista, multar o dono do supermercado...O discurso do governo é de preocupação com a segurança do trânsito. Mas é discurso mentiroso: existe o Fundo Nacional de Segurança e Educação do Trânsito (Funset), que recebe 5% dos valores arrrecadados com as multas de trânsito e do seguro obrigatório (DPVAT).Tem o prezado leitor uma idéia de quanto arrecadou o Funset nos últimos cinco anos? R$ 1,8 bilhão. Sabe quanto é que foi efetivamente aplicado pelo Departamento Nacional de Trânsito? Menos de R$ 600 milhões nas ações de segurança e educação de trânsito e na redução de acidentes. O resto da grana? Embora ele afirme não saber de nada que se passa na sala ao lado, pergunte ao Lula.