segunda-feira, 3 de março de 2008

Facilidade de crédito reduz mercado de carros 'populares'

Financiamento faz consumidor pagar um pouco mais por veículo mais potente.Aumento nas vendas de carros 1.0 foi menos da metade em relação os de mais cilindradas. Os carros de entrada com motorização de até 1.000 cilindradas perderam a popularidade no mercado. O segmento tem sido invadido pelos modelos com motor acima de 1.400 cilindradas, mais potente, e a diferença no preço acaba sendo diluída com as facilidades dos planos de financiamento. O grande agente dessa mudança é o crédito, que permitiu ao consumidor o aumento do nível de compra e, conseqüentemente, o acesso a um carro melhor equipado.

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Se antes o brasileiro se esforçava para pagar um carro em 12 meses, hoje pode alongar o pagamento em até 100 vezes, junto com acessórios, seguro e licenciamento. Ao levar em conta a média de financiamentos no Brasil de 42 meses, um Palio ELX 1.0 (quatro portas), com preço sugerido pela montadora de R$ 31.420, pode ser adquirido em parcelas de R$ 748,09 (sem contar a taxa de juros). Com cerca de R$ 36,50 a mais por mês é possível levar o Palio ELX 1.6, que custa R$ 32.960.
Segundo levantamento da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), em janeiro a venda de carros de até 1.000 cilindradas cresceu 23,3%, enquanto a procura por veículos da faixa de mais de 1.000 até 2.000 cilindradas subiu 57,6%.





Segundo o presidente da Associação dos Revendedores de Veículos Automotores no Estado de São Paulo (Assovesp), George Chahade, o crédito permitiu com que as pessoas optassem pelo conforto. Ou seja, com o alongamento dos prazos de financiamento, hoje é possível comprar um carro mais completo sem muita diferença na parcela.
“Com a estabilidade econômica, aumento dos empregos e o pequeno aumento da renda, a pessoa começa a sair mais com a família e, assim, começa a perceber a falta do ar-condicionado, da direção hidráulica etc”, explica Chahade.
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O diretor da consultoria Megadealer Auto Management, José Rinaldo Caporal Filho, ressalta que o carro de entrada deixou de ser “popular”, quando o governo tirou o desconto no IPI (Imposto sobre Produto Industrializado). A vantagem para os carros 1.0 foi estabelecida no governo de Fernando Collor, no início dos anos 90, quando a cobrança de IPI era de apenas 0,1%. Os números passaram a variar a partir do governo Fernando Henrique Cardoso. Desde 2004, a alíquota do IPI para carros 1.0 é de 7%. Para veículos entre 1.000 e 2.000 cilindradas, a alíquota é de 13% para motores a gasolina e 11% para carros a álcool.
“Hoje a cilindrada não importa tanto, mas sim outras especificações técnicas, como o peso e o torque.”, observa Caporal Filho, destacando a necessidade de um carro com mais força de arranque para fazer ultrapassagens e subir ladeiras.
Para reforçar a tendência, as próprias montadoras reduziram o portfólio de carros 1.0. “Antes, os carros mil tinham 70% do mix de produtos, hoje é 50%, o que vem contribuir na minimização desse tipo de veículo”, diz o presidente da Assovesp. Há montadoras, inclusive, como Citröen, Honda e Peugeot, que só possuem carros com motores acima de 1,4 litro.

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