segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Segurança - Cabeça tonta

Falta de apoios nos bancos de trás é decorrência de fatores que vão desde a grande flexibilidade da lei ao desleixo das motadoras e falta de informação de motoristas

Equipamento fundamental de segurança para proteger o pescoço, em caso de acidente ou freada brusca, os apoios de cabeça passaram a ser obrigatórios somente a partir do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), em 1998 (artigo 105/III). Mas a regulamentação da exigência, pela Resolução 44, de 21 de maio de 1998, do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), bobeou nos bancos de trás: tornou facultativo o apoio para o passageiro do meio e ainda permitiu que os laterais só fossem obrigatórios nos veículos cujos projetos (e não a fabricação) fossem concebidos a partir de 1º de janeiro de 1999. O resultado são automóveis inseguros para os ocupantes dos bancos de trás, especialmente para quem senta no meio, que continua sendo tratado de maneira, opcionalmente, insegura.Dez anos depois, quase todos os veículos fabricados no Brasil são fruto de novos projetos e, obrigatoriamente, têm os apoios laterais nos bancos de trás. Mas a falta de interesse na preservação do pescoço fica evidente naqueles cujo projeto é anterior a 1999, como o VW Gol City (quarta geração) e o Renault Clio Campus, que não têm nenhum apoio atrás e não há possibilidade de comprá-lo, nem como opcional; e os Fiat Uno, Palio Fire e Siena Fire, que também não têm os apoios de série, mas pelo menos os dois laterais podem ser adquiridos como opcionais.Nos projetos novos, o terceiro apoio ainda é quase que exclusividade dos segmentos médio em diante (e em alguns casos nem nesses). Muitas vezes, o equipamento não é vendido nem como opcional. Nesse quesito, ponto para a Fiat, que equipa seus modelos com o apoio central traseiro (do meio) a partir da linha 1.0 ELX.
Citroën
C3 e C4 Pallas: série, somente dois; demais modelos: série, três
Fiat
Uno, Palio Fire e Siena Fire: opcional e somente dois; linha 1.0 ELX e todos os demais modelos: série, três.
Ford
Todos os modelos (exceção Focus Ghia): série, somente dois; Focus Ghia: série, os três; Fusion: série, apenas dois, que não são exatamente apoio, mas extensão do banco
GM
Zafira e Omega: série, três; demais: série, somente dois
Honda
Fit: série, somente dois; demais modelos: série, três
Nissan
Tiida e Sentra: série, somente dois; Murano, Pathfinder e X-Trail: série, três
Mitsubishi
Outlander: série, três; Pajero Full: três para segunda fileira de bancos e dois para a terceira; demais: série, somente dois
Peugeot
Linha 206 e 207: série, somente dois; linhas 307 e 407: série, três
Renault
Clio Campus: nenhum, nem como opcional; Clio Sedan, Sandero, Mégane 1.6 Expression e Kangoo: série, somente dois (são de série também nos sexto e sétimo bancos, quando existem); Logan: série, somente dois, três, na versão topo de linha; demais versões.
Toyota
Corolla XLi e Hilux: série, somente dois; demais versões do Corolla e outros modelos: três, série
VW
Gol City (quarta geração): nenhum, nem como opcional; Parati (básica): opcional e somente dois; demais modelos: série, dois; linha Fox, Polo e Golf: o terceiro é opcional; Golf GTI e Comfortline, Jetta, Passat e Touareg: série, três; Kombi, série, três nos bancos da frente (nos outros bancos há apenas para a versão escolar).

No lugar certo
Especialista explica como ajustar o equipamento. Em enquete, 90% dos condutores reconhecem a importância, mas admitem não ter preocupação na hora da compraOs apoios de cabeça são mais uma peça do sistema de retenção do veículo, como cintos de segurança e cadeirinhas para crianças, e, como tal, vêm sendo estudados com mais atenção. Sua ausência pode levar a lesões na coluna cervical com conseqüências sérias, mas, mesmo quando no veículo, a regulagem é também fundamental para a correta proteção em caso de acidente.O engenheiro Ivo de Castro, da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil), e integrante da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para estudos de impactos frontal e traseiro nos veículos, explica que o apoio de cabeça é um gerenciador de energia e deve estar o mais próximo possível da cabeça (veja figura acima). "Quanto maior o espaço entre a cabeça e o apoio, maior a energia cinética que a cabeça vai absorver. Então, quanto mais rápido o apoio começar a atuar, melhor para o ocupante. Por isso deve estar o mais próximo possível da cabeça", diz. Com relação à manutenção, ele diz que o melhor é mexer o mínimo possível: "O mecanismo de ajuste é sensível. Então quanto menos for mexido, maior será a durabilidade".Ivo de Castro reforça a importância do equipamento, ressaltando que, em um acidente, quando não existe o apoio de cabeça, a coluna cervical fica solta, enquanto a lombar está toda apoiada no banco: "A cabeça de um adulto pesa, em média, 4 kg. Com o impacto, é deslocada para trás, sendo sustentada pelo pescoço. O efeito final é relativo, mas um impacto na traseira pode gerar sério dano na coluna cervical.
"Pesquisa"O equipamento deveria ser obrigatório para todos os passageiros. Se acontece acidente, é um apoio para a cabeça", afirma o caminhoneiro Daniel Caetano da Silva, enquanto dirigia um Fiat Palio, com apenas dois apoios de cabeça nos bancos de trás. "Hoje é obrigatório por lei, mas não o terceiro. Acho que deveria ser também", concorda o analista de sistemas Edson Gonçalves, num Fiat Siena, também com dois apoios atrás. O pensamento de Daniel e Edson é quase unanimidade motoristas e passageiros que foram entrevistados pelo caderno de Veículos do jornal Estado de Minas nas ruas de Belo Horizonte e responderam à enquete realizada pelo portal Vrum, em que 90% disseram saber que o equipamento é um item de segurança. No entanto, quando questionados se pensaram nisso na hora de comprar o veículo, quase a maioria dos entrevistados disse que não.

Nenhum comentário: