terça-feira, 25 de agosto de 2009

Autopeças sem controle

Brasil tem um dos sistemas de controle de segurança de peças e componentes mais frouxos do mundo
Com uma frota real circulante que deve chegar a 30 milhões de veículos (sem incluir motocicletas) já no final deste ano, o Brasil tem um dos sistemas de controle de segurança de peças e componentes mais frouxos do mundo. Na realidade, o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) certificou até agora apenas pneus – inclusive remoldados, de forma controversa – e vidros. Outros importantes itens continuam de fora e caberia ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que tem o Inmetro sob sua responsabilidade, tomar atitudes pró-ativas há muito mais tempo.

O cenário, ainda bem, está mudando. Aparentemente menos por motivo de segurança do que pela ameaça de concorrentes externos. Exportadores asiáticos, em especial da China onde o preço da mão de obra pode ser até 70% inferior ao Brasil, vêm invadindo o mercado de reposição com componentes muito baratos. Como não havia barreiras quanto à segurança e qualidade, essa importação predatória começou a atingir a indústria brasileira de autopeças. Afinal, seguir normas internacionais e ainda enfrentar concorrência injusta custa empregos e faturamento aqui.

O Sindipeças acionou o Inmetro e, finalmente, se implantou um programa de trabalho que reúne todas as condições de dar certo. Uma lista de dez itens comprova que se exige muito esforço pela frente: rodas, rolamentos, correias/tubos/mangueiras, espelhos retrovisores, bombas de combustível, líquido aditivo para o radiador e sistemas de freios (lonas/pastilhas), direção, iluminação e suspensões.

A burocracia a obedecer é longa. Se não houver enquadramento prévio do componente pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), o processo torna-se ainda mais lento. Existe ainda uma etapa de consulta pública. Depois de analisadas as sugestões e publicada a certificação, o Inmetro concede, em média, um ano para a indústria e outro ano para o comércio, até que se possa iniciar a fiscalização efetiva.

Enquanto isso o consumidor deve ter cuidado com os fornecedores, pois selos de conformidade ainda demoram. Rodas são o primeiro item a certificar. A consulta pública ainda se iniciará. Improvável que antes de março de 2010 o Inmetro, que segue procedimentos internacionais, publique a primeira certificação. As marcas do instituto deverão se aplicar por estampagem nas peças e/ou embalagens.

Segundo Leonardo Rocha, do Inmetro, “a existência de normas publicadas é fator primordial no início do processo”. Em outras palavras, a ordem não segue a hierarquia de segurança. Assim, bombas de combustível, por hipótese, podem ser certificadas antes de sistemas de iluminação. Infelizmente, nesse campo, não há o que fazer. Trabalha-se, no entanto, em várias frentes: pastilhas e lonas de freio; barras e terminais de direção estão em análise.
O Inmetro, dentro de limitações orçamentárias e de pessoal, movimenta-se com alguma lentidão. Porém, uma etapa primordial será a fiscalização, que cabe aos estados, por meio dos Institutos de Pesos e Medidas (Ipem). Se a vigilância, além daquela do próprio consumidor, for fraca, acidentes graves continuarão a correr.


RODA VIVA


NOVA família de motores da Ford, batizada internamente de Sigma Zetec, já nascerá com versões flexíveis etanol-gasolina. A fábrica de Taubaté (SP) inicia, em breve, a produção piloto. No final do ano, o Focus da geração atual terá a versão de 1,6 litro flex (em torno de 120 cv, com etanol), encerrando de vez a fabricação da geração anterior do modelo argentino.

OUTRO exemplo de flexibilidade das arquiteturas atuais: BMW X1 partilha com o X3 e os sedãs, cupês e conversíveis da Série 3, da marca premium alemã, a mesma base. X1 é o utilitário esporte compacto (mas nem tanto, pelo bom espaço interno em relação ao Série 1) da linha, com aspecto de crossover. A fábrica apressa a chegada aqui: primeiras unidades à venda em janeiro.

CAPTIVA, com motor Ecotec de 2,4 l/171 cv, tem conjunto mais bem equilibrado que a versão V-6 (90 cv adicionais). Mostra agilidade, em cidade e estrada, sem a instabilidade direcional observada ao se acelerar com empenho o motor de maior cilindrada. A diferença de quase R$ 20.000,00 em relação à versão topo de linha também explica as boas vendas do modelo mexicano.

DAVID Reilley, vice-presidente de Operações Internacionais da GM, em visita ao Brasil, reconheceu: Projeto Onix poderá encontrar bom mercado fora do país. Previsto para a unidade de Gravataí (RS), sucederá os atuais Celta/Prisma em 2011/12. Admitiu que a atual estrutura de capital da matriz pode antecipar a fase de lucros e pagamento de empréstimos.

PARTICIPAÇÃO de motores diesel na Europa Ocidental e Central caiu bruscamente para 44% do total, no primeiro semestre. Percentual é menor se incluída a parte oriental. Deve-se ao aumento do diesel em relação à gasolina e à demanda maior por modelos compactos em que os custos maiores do motor diesel têm grande impacto.

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