quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Vendas caem em outubro

Restrição ao crédito pode ter influenciado queda
A crise econômica é o assunto da mídia. Se o preço subiu, é culpa da crise; se as vendas caíram, também. No mercado de carros não é diferente. Outubro teve queda de vendas em relação a setembro e em relação a outubro do ano passado (veja abaixo). O resultado foi logo creditado à situação econômica mundial.Mas é preciso observar quem é que está perdendo com a crise. Uma breve análise do mercado mostra que a crise não atinge todos os setores de forma idêntica. Ao contrário, alguns segmentos sofrem mais, outros menos. É claro que os segmentos dos carros mais baratos são mais atingidos, enquanto o mercado dos carros de luxo não está sendo atingido pela retração.Números de outubroAs vendas do Gol, o carro mais vendido no Brasil, caíram 17% e a do Pálio 22%. O Sandero perdeu 38% em relação às vendas do mês anterior, enquanto o sedã Siena perdeu 25%, e o Corsa Classic (com carroceria velha) 26%. Agora vamos para o outro lado do mercado:As vendas do Volkswagen Touareg, um carro que custa R$ 247 mil, se mantiveram estáveis, assim como as do Porsche 911 e da Ferrari. As vendas do X6, o utilitário esportivo de luxo da BMW, cresceram 14% em outubro, um carro que custa R$ 390 mil. E o Audi TT foi o modelo com o maior crescimento de vendas no mês da crise: aumento de 40% em relação a setembro. O Audi TT custa R$ 234 mil.O volume de venda dos carros de luxo é infinitamente menor do que os populares, mas o comportamento de vendas mostra claramente quem é que a crise está atingindo. Os ricos compram a vista, enquanto os menos afortunados dependem de crédito, que a crise está limitando.Restrição ao créditoA restrição ao crédito pode ter influenciado no comportamento do mercado de carros em outubro, mas a pequena queda de vendas registrada em relação a outubro do ano passado (- 2,4%) já estava prevista pelas montadoras, pois no segundo semestre do ano passado as vendas bateram todos os recordes históricos. A queda de vendas em relação a setembro foi maior: 10,9%, mas também nesse caso a retração é explicada: setembro teve o segundo melhor volume de venda mensal da história da indústria automobilística, com 268,7 mil unidades. Foram vendidos em outubro 239.266 veículos automotores, conforme dados preliminares do Renavam.A restrição ao crédito é responsável pela queda nas vendas, segundo dirigentes de montadoras. “A vontade de comprar persiste, o consumidor continua indo às concessionárias, mas a aprovação do crédito está mais rigorosa”, disse o diretor de uma das grandes montadoras à agência AutoInforme. O crédito – que fez explodir o mercado nos últimos dois anos – é a mola propulsora da venda de carros. Uma vez restrito, naturalmente tem impacto direto no volume de vendas. No entanto, as ações do governo anunciando socorro, especificamente aos consumidores de carros, abranda o medo da crise na indústria automobilística.O ministro Guido Mantega e o presidente do Banco Central, Henrique Meireles, confirmaram aos dirigentes do setor que o presidente Lula não quer que a falta de crédito interrompa o ciclo de crescimento de vendas de veículos. Para isso, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal vão liberar crédito extra a partir desta semana.Outubro teve 23 dias úteis, o “maior” mês do ano, por isso a queda de vendas é ainda mais significativa. Foi a segunda pior venda diária do ano, com 10.403 unidades. Mas está longe de ser um volume desprezível. Ao contrário, outubro manteve o patamar de 10 mil carros/dia, número conquistado em julho do ano passado e que nunca mais caiu.Inflação tem a maior alta do anoOutubro registrou a maior alta da Inflação do Carro neste ano, 0,98%. O aumento do custo de manter e andar com o carro esta agora em 5,78% este ano.Nem os combustíveis, que não tinham subido de preço até agora, escaparam das altas do mês passado. A gasolina subiu 0,80% e o álcool 2,37%. Mas no acumulado do ano a gasolina subiu apenas 0,82% e o álcool 1,19%. O que está pesando no bolso este ano é a lona de freio já esta 23% mais cara. O balanceamento de rodas subiu 16% de janeiro a outubro e Estacionamento, que ficou 16,7% mais caro.

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