sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Acesso garantido




Nem todos os locais estão adaptados para os deficientes, mas isso está mudando
Se na Europa e nos Estados Unidos é comum a preocupação em construir edifícios adaptados aos portadores de deficiência física, por aqui só agora é que começam a aparecer locais que possam receber bem o cadeirante. A regra vale também para os estabelecimentos que lidam com automóveis, como concessionárias, postos de combustível, oficinas e lojas de autopeças.
Para conquistar um cadeirante, a empresa precisa fazer com que ele se sinta à vontade, confortável, sem que dependa de favores para ter acesso às instalações da loja. “Existe uma questão cultural aí. Enquanto nos países que sofreram com guerras a cadeira de rodas é vista como um instrumento de reabilitação, como volta à vida, no Brasil as pessoas ainda a encaram como um sinal de declínio”, afirma Monica Cavenaghi, diretora da Cavenaghi, empresa que trabalha há quatro décadas com soluções de mobilidade.
Hoje o mercado já notou a importância de atender com eficiência esse segmento. Exemplo disso é o grupo Grand Brasil, que abriu uma revenda que reúne num só local várias empresas com diferentes serviços destinados a deficientes. Cada uma mantém profissionais para orientar quem quer tirar uma nova habilitação, obter isenção de impostos e fazer o seguro de carros adaptados, além de haver um show room de carros da Renault, Nissan, Peugeot, Toyota e Fiat.









Abertura do caixa tem de ser mais baixa


Uma unanimidade entre os especialistas é que os locais de melhor estrutura para portadores de deficiência são os shoppings de automóveis. “Sem dúvida, são os locais de melhor acessibilidade”, afirma José Roberto Cardoso, gerente de vendas da Grand Special, divisão da Grand Brasil. “É preciso que evolua essa cultura de fazer rampas, portas largas, estacionamento exclusivo e banheiros adaptados”, diz Robson Aparecido Jeronimo, vendedor da concessionária Honda André Ribeiro e ele próprio deficiente físico. Aliás, sua contratação é um passo a mais na direção de atender melhor os cadeirantes. “Eles se sentem mais à vontade para compartilhar suas necessidades com alguém que entende seu problema”, diz.
Em geral, os piores locais são os edifícios antigos, muitos sem elevadores em que caibam cadeira de rodas ou com corredores estreitos. Até uma mesa pode esconder uma armadilha – algumas não permitem encaixar uma cadeira de rodas. Você sabe como deve ser uma boa loja, revenda ou posto de combustível aos olhos desse cliente? Então descubra agora o que eles devem ter para atender bem um cadeirante.



Se a loja não for toda plana, deve ter rampas

  • Vagas de estacionamentoDevem ser apropriadamente sinalizadas, mas só isso não basta. Precisam ter um espaço adicional de circulação nas laterais de 1,2 metro e estar associadas a rampas e outras formas de acesso. Não adianta ter vaga ampla mas haver uma escada para acessar o interior da loja.
  • Local de atendimentoPrecisa ser plano para o cadeirante ter acesso a todos os locais, utilizando o mínimo de rampas. As mesas devem ser adequadas, para encaixar a cadeira de rodas. O piso deve ser sempre regular, estável e antiderrapante, com rampas e barras de apoio laterais. Dependendo do local, deve haver um elevador especial.
  • BanheiroTem de ser largo e permitir que a cadeira de rodas dê uma volta completa, para o cliente não precisar sair de ré. Deve ter barras de apoio e estar disposto em área de livre circulação. A torneira tem de ser facilmente utilizável para quem esteja sentado.
  • Caixa Deve ter uma abertura mais baixa, para que o cadeirante possa pagar com facilidade. Outra solução são os terminais de pagamento sem fio para cartões de débito ou crédito, algo fundamental no caso dos postos de combustível.
  • Atendimento O deficiente físico deve ser atendido com naturalidade, como se faz com qualquer outro cliente, sem excesso de zelo, o que pode constrangê-lo. O ideal é procurar conversar sempre sentado, para evitar que o vendedor fique olhando para baixo e o cadeirante, para cima.

Por Por Luís Perez Fotos Renato Pizzutto

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