Publicidade de fabricantes coreanos atrai consumidor com extensa cobertura de cinco anos, mas depois ele descobre ter que pagar caro para manter o suposto benefício
Marcelo Sant'Anna/EM/D.A Press |
Acabaram solucionando meu problema em garantia, como tinham que resolver, mas daqui para frente, não sei - Renato Reis Rossi, comerciante |
O comerciante Renato Reis Rossi comprou um Hyundai Tucson 2.7, em janeiro de 2008, e, desde os primeiros meses de uso, notou que havia uma vibração na direção, sempre que freava em alta velocidade. A solução para o problema, que só veio na terceira revisão, valeu um susto no orçamento. "Comentei sobre o provável defeito nas revisões de 2,5 mil e 10 mil quilômetros. Na de 20 mil quilômetros, pedi mais uma vez que verificassem e fui surpreendido com um custo de quase R$ 4 mil (troca das pastilhas e disco de freio dianteiros e pastilhas traseiras, troca de filtros, óleo etc.). Não autorizei todos os serviços, pois sei que disco de freio e pastilhas não poderiam estar desgastados a ponto de uma troca. Depois soube que outros carros haviam apresentado o mesmo problema. Então fiz o pedido da troca em garantia", conta Rossi, que, a princípio, teve o pedido negado. Só depois de muito transtorno ele obteve a substituição dos itens, sem custo, mas teme pelas próximas revisões: "Resolveram como tinham que resolver, mas, daqui para frente, não sei".
A garantia de cinco anos vem sendo apregoada pelas marcas coreanas Hyundai e Kia como uma facilidade para o consumidor, que tem a segurança de uma cobertura durante todo esse tempo, em caso de defeito no veículo (desde que não seja consequência de mau uso do carro). Outra vantagem é ter o preço de revenda valorizado, em caso de venda do veículo antes do fim da garantia, que é transferida ao proprietário seguinte, já que é do carro. Mas a contrapartida, como em todas as situações de garantia, é ter que fazer todos os serviços e revisões programadas exclusivamente em revenda autorizada, incluindo até mesmo as trocas de óleo, o que, em muitos casos, sai muito caro. E qualquer atendimento no mercado paralelo implica perda da garantia.
Revisões
No caso da Hyundai, as revisões programadas devem ser feitas a cada 10 mil quilômetros ou um ano, o que ocorrer primeiro; sendo que há uma inicial aos 2,5 mil quilômetros ou seis meses. Isso para os modelos Tucson, Vera Cruz, Azera e Santa Fé. Para o caminhão HR, além das mesmas revisões, a partir dos 10 mil quilômetros deve ser intercalada uma troca de óleo, a cada 5 mil quilômetros, com mão-de-obra gratuita. A garantia do caminhão é de quatro anos e não de cinco, como para os demais. Em todos os veículos, a mão-de-obra também é gratuita nas duas primeiras revisões (2,5 mil e 10 mil quilômetros).
Um grande problema é que normalmente são divulgados os preços, ainda que em pacotes fechados, das três ou quatro primeiras revisões, quando ainda não há necessidade de troca de peças, como a correia dentada, por exemplo, que encarece o valor da revisão. Além disso, o consumidor tem sempre que estar atento ao manual do veículo, exigindo a revisão básica, ou seja, somente o que consta no manual. Caso haja outro problema no veículo, o cliente será avisado para tomar a decisão de autorizar (ou não) o serviço.
Para facilitar, Veículos fez um apanhado de preços cobrados para as revisões do modelo Tucson 2.0, pelas concessionárias de Belo Horizonte (veja quadro). É importante estar atento, ainda, ao tempo gasto para as revisões: o valor da hora da oficina não é tabelado e fica a cargo de cada concessionária, porém, o tempo gasto para os reparos é determinado pela Hyundai, não podendo ser cobrada hora a mais, exceto se autorizado algum serviço extra.
Kia
A garantia é também de cinco anos, sem limite de quilometragem. As revisões devem ser feitas a cada 10 mil quilômetros, sendo aconselhada uma troca de óleo a cada seis meses. Para o caminhão Bongo, há uma revisão inicial aos mil quilômetros e uma troca de óleo a cada 5 mil quilômetros, e a garantia é de três anos. O diretor comercial da concessionária Brisa Motors, em Belo Horizonte, Ruy Carlos Barbosa, faz questão de enfatizar, ainda, que a oficina da revenda acaba de ser reformulada, dentro do padrão Kia, com a adoção de equipamentos modernos, como computador de leitura eletrônica e máquina de alinhamento e balanceamento.
Hyundai Tucson 2.0 | ||||||
Revisões (em KM) | 2.500 | 10.000 | 20.000 | 30.000 | 40.000 | 50.000 |
Tempo gasto (horas) | -* | -* | 4,2 | 3,5 | 5,6 | 5,1 |
Preços** (R$) | 160 a 210 | 180 a 255 | 400 a 1.350 | 600 a 834 | 400 a 1.036 | 600 a 1.600 |
Obs.: *Não é estipulado porque a mão-de-obra é gratuita. **Menor e maior preços encontrados e se referem ao que foi informado pelas concessionárias de Belo Horizonte: Auto Korea, Cia Motors, Pacific Motors e Tai. Para as revisões entre 60 mil e 100 mil quilômetros, foram apurados valores de R$ 376 (70 mil quilômetros) a R$ 1.724 (100 mil). O consumidor deve ficar atento ao orçamento, com a colocação de itens que não são obrigatórios (mas opcionais), para evitar serviço desnecessário. Basta consultar o manual. Os principais serviços são em ordem de quilometragem: troca de óleo e filtro; idem mais filtro de ar; idem mais velas, filtro do ar-condicionado, fluido de freio; troca de óleo e filtro, aditivo do radiador, óleo do câmbio, filtro de ar; itens da revisão dos 20 mil mais troca de óleo de freio; itens da revisão dos 20 mil mais troca de correia dentada.
Kia Sportage | ||||||
Revisões (em KM) | 10.000 | 20.000 | 30.000 | 40.000 | 50.000 | 60.000 |
Preço (R$) | 337,42 | 819,18 | 337,42 | 1.065,61 | 337,42 | 1.418,89 |
Obs.: Preços apurados na concessionária de Belo Horizonte Brisa Motors. Os principais serviços em ordem de quilometragem são: troca de óleo e filtro; idem mais filtros de ar, combustível e antipólen; igual à de 10 mil; igual à de 20 mil mais troca de velas, fluido de freio e aditivo do radiador; igual à de 10 mil; igual à de 20 mil mais troca das correias do motor, do alternador e do ar-condicionado.
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