quinta-feira, 14 de maio de 2009

Não compre no escuro - Porsche 911, o alemão de motor traseiro


Se existe uma coisa a ser dita em favor do Porsche 911, é que ele é – entre os carros puramente esportivos – talvez o mais "utilizável" de todos. Sua versatilidade – e performance, naturalmente – angariou admiradores no mundo inteiro. No Brasil não poderia ser diferente. Representada durante muitos anos pela extinta Dacon, hoje a marca tem na Stuttgart sua importadora oficial no país. E o 911 foi o carro-chefe de vendas da marca por mais de 40 anos.

Lançado em 1963, durante o Salão de Frankfurt, ele foi criado para substituir o Porsche 356, que por sua vez chegou a ser fabricado até 1965. Resultado do projeto 695, o 911 na verdade nasceu como 901, mas essa nomenclatura já era patenteada pela Peugeot, o que obrigou a Porsche a mudar o nome do novo modelo. O motor era um seis cilindros tipo Boxer, com 2,0 litros de cilindrada e 130 cv de potência, alimentado por dois carburadores de corpo triplo da Solex, que não empregavam bóia.

A história do 911 é longa, mas entre os fatos principais estão o lançamento da versão Targa, em 1965; o motor 2.4, em 1972; o motor 2.7 e o novo visual, com novos pára-choques, faróis e lanternas, além de mudanças internas, em 1974; a versão Turbo, em 1974; o Cabrio, em 1982; a marca das 200 mil unidades do 911, atingida em 1984; a marca das 250 mil unidades, atingida apenas quatro anos depois; o novo design, da série 964, de 1988; o belo Speedster, de 1989; a série 993, lançada no segundo semestre de 1993; o novo Targa, com teto de vidro, de 1995; a série 996, com motor refrigerado a água, de 1997, quando o 911 perdeu os tradicionais faróis redondos; o GT3, de 1999, com 360 cv; e, finalmente, a volta aos antigos faróis redondos, com o novo design de 2004, com a série 997.

O 911 é um esportivo puro, com carroceria tipo 2+2 (esqueça, não cabe ninguém lá na parte traseira, salvo crianças...), suspensões mais duras e que sofrem nos nossos pisos maltratados. Mas tem grande capacidade de ser utilizado diariamente, o que não é raro de ver na Europa e nos Estados Unidos.

Se solicitada junto à rede autorizada, qualquer peça pode ser adquirida, embora sejam bem mais caras para os modelos mais antigos. Alguns itens podem ser trazidos dos EUA, mas existem muitas diferenças entre os modelos comercializados no Brasil (que possuem especificações européias) e os modelos americanos.

Se a idéia for comprar um modelo mais antigo por ser mais barato, é melhor pensar duas vezes. Os Porsche não envelhecem, apenas se tornam clássicos. E com isso, os valores cobrados pelos 911 da década de 70 e 80, dos quais existem muitos no Brasil, podem surpreender e encostar nos dos modelos mais novos.

De qualquer forma, não se gasta muito menos do que R$ 100 mil para começar a brincadeira, que pode terminar em números muitas vezes maiores do que esse, dependendo da versão a ser comprada. Mas que vale a pena, disso não há dúvida. Afinal de contas, o 911 está na galeria dos mitos, habitada apenas por carros muito especiais.

Comprando um 911 usado

Os Porsche são bastante resistentes e costumam agüentar bem mesmo as deploráveis condições existentes no Brasil, onde a gasolina ruim e o piso penalizam até mesmo os mais resistentes importados. Mesmo assim não são indestrutíveis e, na hora de encontrar um 911, verificar os cuidados com a manutenção é fundamental.

No que diz respeito ao motor, atente para a presença de vazamentos de óleo, devido à idade, falta de cuidado com o carro e mesmo à posição deitada dos cilindros. Levante o carro no elevador para ver se não há marcas de óleo na parte inferior do bloco. Desconfie de motores recentemente lavados, pois esse procedimento pode ter sido adotado para "mascarar" algum problema.

O escapamento é outro item sensível ao piso, que deve ser observado com atenção na hora da compra tanto quanto à presença de furos como com relação às marcas de raspados embaixo do carro, o que pode significar falta de cuidado por parte do dono do veículo.

Embora as suspensões também sejam bem robustas, não deixam de ser um tanto duras e voltadas para os pisos tipo "tapete" encontradas na Europa e Estados Unidos. Por aqui as suspensões dos 911 reclamam um pouco dos buracos e valetas.

O clima tropical e o sol inclemente podem trazer prejuízos às forrações, principalmente dos veículos com interiores de cores mais "exóticas" (como cor de vinho, por exemplo) e do tipo Targa e Cabrio. Dependendo do grau de estrago, não há conserto e a solução é a troca de tecidos dos bancos, laterais etc.

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