quarta-feira, 10 de junho de 2009

Avaliamos os carros da Chery para o Brasil

Chery Tiggo

Isabel Reis / de Wu Hu, China

Prepare-se para ouvir este nome: Chery! Essa marca chinesa está chegando ao Brasil com três modelos, de maneira discreta, testando o mercado e aprendendo sobre ele. Mas os planos são ambiciosos: a Chery quer produzir no Brasil e tornar o país um pólo exportador para a América Latina e, quem sabe, até Estados Unidos.

A Chery é a maior marca de automóveis chinesa. Perde posições no ranking quando entram as estrangeiras Volkswagen, General Motors e Hyundai. Fundada em 1997, ganhou o nome de "Baby Brand” (algo como "marca bebê") dos dirigentes. Tornou-se um sucesso em pouquíssimo tempo. De 1999, quando foi lançado o primeiro carro, até 2007, a Chery comemorou a produção de um milhão de automóveis.

Hoje, a capacidade anual na fabrica de Wu Hu é de 650 000 unidades. Numa visita ao complexo industrial, deu para comprovar que a Chery está para Wu Hu como a Ford está para Dearbone: a cidade vive e respira Chery. São quatro fábricas de automóveis, duas de motores (uma ainda em construção) e outra de transmissão. Muitos fornecedores chegaram por aqui, como Magneti Marelli, Continental, Bosch etc. Todos atentos ao crescimento da marca chinesa, que já está presente em 70 países. São mais de 300 000 unidades exportadas por ano.

Para o Brasil, a estratégia imediata será o lançamento do Tiggo, em junho: um SUV 4x2 com motor 2.0 e transmissão mecânica, totalmente equipado, incluindo airbag, ABS, som com MP3, rodas de liga leve etc. A novidade será concorrente direta do Ford Ecosport e dos demais SUVs do segmento dos compactos. O diferencial será o preço: R$ 49 000 e três anos de garantia.

Ao volante dos chineses

Acabei de realizar um test drive com o Tiggo, em Wu Hu. Sinceramente, o carro não perde em nada em acabamento e dirigibilidade para os veículos produzidos no Brasil. É bastante espaçoso, acomoda cinco pessoas e com os bancos traseiros dobrados, cria impressionante local para bagagens. O teto é alto e mesmo os ocupantes maiores não terão problemas com relação ao conforto.

Em setembro, a Chery trará mais dois modelos: o pequeno QQ3, bem compacto, com motor 1.1 e total perfil para uso urbano. Também esse modelo surpreendeu ao rodar, pois tem razoável performance e espaço interno para quatro pessoas. Mais do que isso, fica apertado. Os bancos traseiros são dobráveis, aumentando a capacidade do pequeno porta-malas. Lembra um pouco o Twingo, quanto ao conceito. Novamente, o preço será o grande diferencial. Na versão completa, custará apenas R$ 24 000.

Por último, neste ano, a Chery trará o Face, denominado A1 na China. Esse carro baterá de frente com o Chevrolet Meriva e os monovolumes dessa categoria. O motor será 1.3, bastante ágil ao dirigir. Novamente, o destaque fica para o bom espaço interno e para a funcionalidade do acabamento: não perde para os carros produzidos no Brasil. Ao contrário, comparado em preço, sairá ganhando: R$ 30 000 na versão completa, com airbags, abs, direção hidráulica, ar-condicionado etc.

A estratégia da Chery será trazer o SUV Tiggo e o monovolume Face (A1) do Uruguai, onde a marca já possui uma fábrica com montagem em CKD (as peças são importadas e o carro é montado no local). Esse país foi escolhido por pertencer ao Mercosul e porque o governo uruguaio ofereceu uma série de incentivos para a implantação da fábrica. A partir do Uruguai, a Chery enviará produtos para o Brasil, Argentina, Colômbia, Bolívia e outros paises da América do Sul. Para o Brasil, apenas o compacto QQ3 será importado diretamente da China.

Inicialmente, a Chery terá o Grupo JLJ (que já possui operações na China) como representante. O investimento para a implantação será na ordem de R$ 35 milhões, segundo a empresa. Mas, conforme disse Zhou Biren, vice-presidente da Chery na China, a marca está acostumada a caminhar degrau por degrau nos mercados, até conquistar a confiança do consumidor. Ele sabe da dúvida que existe, internacionalmente, principalmente com relação à qualidade dos automóveis chineses.

A Chery está firmemente disposta a vencer essa barreira. Confia que em cinco anos terá vencido os preconceitos e disputará a liderança dos mercados, especialmente da Rússia, Brasil e Oriente Médio. Quer a minha opinião? Fiquei surpresa com o tamanho da empresa, a modernidade das linhas de montagem, a sua importância no mercado chinês e até a qualidade dos automóveis. Os chineses estão aprendendo rapidamente e vão dar um trabalho danado para as marcas tradicionais.

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