segunda-feira, 13 de julho de 2009

Adaptação - Mercado sob medida

Crescem grau de profissionalização e oficinas para adequação de veículos a motoristas portadores de necessidades especiais. Opções são incrementadas por novas tecnologias

Leonardo Amantino de Moura/Helio Adaptacoes/Divulgação
Acelerador em forma de aro no volante
Há quatro anos, vítima de um acidente vascular cerebral (AVC), o advogado Benjamim Teixeira Baeta passou a ter dificuldade para usar as pernas ao dirigir. Procurou o Detran, onde fez exame médico, sendo emitido um laudo com a descrição das adaptações necessárias para voltar a assumir a direção. O câmbio automático, que elimina a necessidade de pisar na embreagem e a troca de marchas, deixando a mão direita livre, uma vez que os demais comandos, de acelerador e freio, passam a ser operados com as mãos - adaptação feita por hastes próximas ao volante e que acionam os pedais de freio e acelerador. E um pomo esférico no volante, que passa a ser manuseado com apenas uma das mãos, ficando a outra para acelerar e frear. Deu tão certo que o advogado resolveu mandar adaptar o carro da esposa.

Veja mais fotos de adaptações!

"Os pedais continuam no carro, mas eu só posso dirigir veículo com adaptação", conta Benjamim, explicando que decidiu mandar adaptar o carro da esposa, mesmo não tendo direito, no momento da compra do veículo, à isenção de impostos garantida ao portador de necessidade especial Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). "Quando comprei o meu carro, eu tive todas as isenções, mas ainda não venceu o prazo (três anos) para que pudesse trocá-lo, então comprei o da minha esposa sem as isenções, mas mandei adaptá-lo, para que também possa dirigi-lo", conclui.

Tipos
Responsável pelas adaptações dos veículos de Benjamim Baeta, o empresário Luiz Paulo Lamy de Miranda, da Pinguim Centro Automotivo, representa, em Belo Horizonte, a marca Cavenaghi, uma das referências em adaptação de veículos para portadores de necessidades especiais. Ele explica que, além das adaptações consideradas padrão, como a realizada para Baeta, existem os projetos especiais, em que as alterações são feitas de acordo com cada motorista. "É muito difícil ver uma pessoa com a exata necessidade da outra, pois normalmente as sequelas são diferentes", diz. Daí a importância de procurar as lojas para conhecer bem o que vai ser feito. "É um tipo de compra que não se faz por telefone. É preciso ver os equipamentos, discutir o caso, que pode ser bem particular, e prestar atenção na qualidade das peças", completa Luiz Paulo.
Beto Novaes/EM/D.A Press e Jackson Romanelli/EM/D.A Press
Embreagem computadorizada automatiza a transmissão do veículo. "Os pedais continuam no carro, mas eu só posso dirigir veículo com adaptação", Benjamim Teixeira Baeta, advogado

Os tipos de adaptação mais comuns são, além do pomo giratório ou dispositivo esférico e acelerador e freio manuais, o acelerador esquerdo (o comando é invertido para o lado esquerdo do pedal de freio, em caso de deficiência na perna direita) e a embreagem computadorizada (automatiza a transmissão do carro, a exemplo dos atuais câmbios Dualogic, da Fiat, e Easytronic, da GM). Menos requisitados são o controle de comandos elétricos, uma espécie de controle remoto, também fixado próximo ao volante, com os comandos de limpador de para-brisa, sinalizadores de direção etc; e os pomos especiais de dois ou três pontos, que facilitam o encaixe da mão, quando há problemas de articulação.

"Fazemos também o prolongamento da alavanca de câmbio, que vai depender da altura da pessoa e do braço; ou dos pedais, para casos de nanismo, por exemplo. São várias as possibilidades e tudo é de acordo com o motorista. A pessoa tendo dois dos quatro membros, posso colocá-la dirigindo", enfatiza.

Novo
No mercado de adaptação desde 1972, Helio Antônio de Moura, da Helio Adaptações Veiculares, era o responsável também pela fabricação das peças. Realidade que muda a partir da próxima semana, para quando está prevista a chegada dos produtos Guidosimplex, fruto da parceira com a empresa italiana fabricante de equipamentos para portadores de necessidades especiais. "Agora vamos trabalhar só com esses produtos. É uma linha muito grande, com mais de 500 opções. O custo vai mudar um pouco, mas a qualidade também", diz o gerente Leonardo Amantino Moura.

Segundo Leonardo, a linha já apresenta algumas novidades, como embreagem eletrônica; pomo giratório com manopla retrátil (pode ser retirada para facilitar a direção de motorista sem necessidade especial); acelerador de aro sobre (ou sob) o volante; banco giratório para o motorista; caixa para transporte de cadeira de rodas acoplada ao teto (por controle remoto, o próprio cadeirante pode guardar a cadeira).

E, para o ano que vem, Leonardo espera mostrar outra inovação, que já é realidade na Europa: "Um tetraplégico pode dirigir por meio de joystick. Pretendo mostrar a tecnologia na feira de reabilitação (Reatech) do ano que vem e trazer o produto dentro de dois ou três anos", diz.

Artesanal
Já Laudelino Pereira de Morais, proprietário da oficina Mecânica Sayarah, continua produzindo as próprias peças (em torno de 80%) e fazendo o trabalho de adaptação, com o qual trabalha há 23 anos. Atualmente, como no caso dos equipamentos industrializados, seu foco maior está nas adaptações que facilitam a direção para quem tem problema nas pernas. Mas Laudelino vai mais longe e está prestes a terminar um trabalho que permitirá ao motorista dirigir sem os braços. "O equipamento está para ser lançado. Estou apenas aguardando a regulamentação. Muita gente depende disso e ainda não vi empresa nenhuma voltar a produção para dirigir com as pernas", diz, explicando que comandos de direção e sinalização também podem ser feitos por quem não tem os braços.

Leia também: Reatech - Novidades para quem é especial

Serviço
A adaptação é indicada pela comissão de exames especiais do Detran e só de posse da nota fiscal da transformação é que o motorista consegue a isenção do IPVA (IPI e ICMS são requeridos antes, uma vez que implicam a compra do carro.) Depois de adaptado, o carro tem que passar por vistoria em empresa credenciada pelo Inmetro e só assim é autorizado a circular. Mas algumas empresas de adaptação já entregam o carro com a vistoria realizada. O motorista que já era habilitado antes da deficiência tem que fazer novo exame de direção.

Pinguim Centro Automotivo: (31) 3334-5800/3292-8888
www.pinguimarcondicionado.com.br
www.cavenaghi.com.br
Helio Adaptações: (31) 2526-1569
helioadaptacoes@gmail.com
www.guidosimplex.it
Mecânica Sayarah: (31) 3592-9309/1859

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