sexta-feira, 17 de julho de 2009

Peugeot 307

Confortável e bem equipado, o hatch importado exige atenção com o preço de suas peças e o custo de manutenção
Por Fernando Garcia

Espaço interno ele tem, mas não é grande por fora. Bem equipado, oferece airbag e ABS de série, mas não é caro. Assim é o Peugeot 307, que traz ainda dois benefícios extras. Um está na cara: o usado tem quase o mesmo design do zero. O outro, poucos sabem: tem o seguro mais barato do segmento, comparado a Astra, Focus, Golf e Stilo. E nesse momento do mercado os modelos mais novos tornam-se até mais interessantes, pois são vendidos até 4 000 reais abaixo da tabela. Porém cuidado com o preço de peças e mão-de-obra. Por ser um importado, a manutenção é mais cara em relação aos rivais, além de nem sempre ser fácil achar peças.

Vindo da França, o 307 foi lançado aqui em abril de 2002, com motor 1.6 16V de 110 cv. A versão básica Soleil já trazia direção hidráulica, trio elétrico, airbag, freios ABS e CD player – mas vinha sem ar-condicionado. Diferente da Passion, que tinha ar digital, vidro elétrico traseiro e rodas de liga. A top Rallye oferecia retrovisores rebatíveis eletricamente, sensor de farol e de chuva e faróis de neblina, com o requinte de opcionais como teto solar e airbag de cabeça e lateral.

Em 2003, o Rallye ganhava um 2.0 16V de 138 cv e, um ano depois, o 307 viria da Argentina, rebatizado: o Soleil virou Presence e o Passion mudou para Feline (só como 2.0). O Rallye ficou igual, mas tinha opção de câmbio automático sequencial de quatro marchas.

A primeira (e discreta) reestilização viria em junho de 2006, ressaltada pela grade maior. O Presence ganhava o 1.6 flex de 110/113 cv, mais ar e vidro elétrico traseiro. Já o Feline recebia o 2.0 16V de 143 cv e saía de linha. O 2.0 16V só viraria flex em junho de 2008 (143/151 cv), acompanhado de câmbio automático, bancos de couro sintético e teto solar de série – ao mesmo tempo que o Griffe era aposentado.

Ao comprar um usado, atenção com o câmbio automático, que pode apresentar dificuldades nos engates, em especial nos primeiros carros. Mas não se assuste com o caráter lento e inconstante do câmbio, característica que até hoje irrita seus donos.


FUJA DA ROUBADA

Fique longe das raras unidades do 307 sem ar-condicionado. Mesmo que o vendedor ofereça desconto, evite-as, pois é mico certo.


NÓS DISSEMOS
OUTUBRO DE 2007

“Dos cinco, ele tem o interior mais sóbrio e mantém o bom padrão de acabamento encontrado em modelos mais caros e de segmento superior, como o 407. E, graças ao teto alto, passa a sensação (...) de um ambiente mais amplo. (...) Com 143 cv, surpreendeu na pista e dividiu as melhores marcas nos testes de desempenho com o Focus, que tem 147 cv e é quase 100 kg mais magro. Precisou de 10 s para chegar aos 100 km/h – 1,5 s mais rápido que o Golf, o lanterna. Mas nas provas de dirigibilidade o 307 fica em terceiro, perdendo para o Focus e para o Volks. A suspensão é firme e ajuda em curvas. (...) É na buraqueira do dia-a-dia que ele perde mais alguns pontos.”


PREÇO DOS USADOS (EM MÉDIA, COLETADOS EM ABRIL DE 2009)

2004
Presence 1.6 Flex:
R$ 32 004
Feline 2.0: R$ 33 262
Feline 2.0 Flex Aut.: R$ 34 862

2005
Presence 1.6 Flex:
R$ 33 226
Feline 2.0: R$ 37 144
Feline 2.0 Flex Aut.: R$ 36 983

2006
Presence 1.6 Flex:
R$ 35 205
Feline 2.0: R$ 37 654
Feline 2.0 Flex Aut.: R$ 38 994

2007
Presence 1.6 Flex:
R$ 40 455
Feline 2.0: R$ 42 115
Feline 2.0 Flex Aut.: R$ 44 478

2008
Presence 1.6 Flex:
R$ 43 691
Feline 2.0: R$ 47 368
Feline 2.0 Flex Aut.: R$ 51 598

FONTE: FIPE


PREÇO DAS PEÇAS*

Para-choque dianteiro
Original: R$ 531
Paralelo: R$ 448

Farol completo (cada um)
Original: R$ 680
Paralelo: R$ 410

Disco de freio (par)
Original: R$ 318
Paralelo: R$ 290

Pastilha de freio dianteira (jogo)
Original: R$ 249
Paralelo: R$ 60

Retrovisor (cada um)
Original: R$ 532
Paralelo: R$ 400

Amortecedor diant./tras. (cada um)
Original: R$ 222/ R$ 291
Paralelo: R$ 190/ R$ 190

*Para o 307 Passion 1.6 2002; preços coletados em abril de 2009


PENSE TAMBÉM EM UM...

Volkswagen Golf

Se para você um hatch precisa de um toque mais esportivo, você vai gostar do Golf, graças a seus engates precisos e curtos. Mais barato que o 307, o VW oferece dirigibilidade superior, além de ter um conjunto chassi/ suspensão mais bem acertado para rodar no nosso piso. No consumo, ele também é melhor, mas perde no portamalas (330 contra 340 litros) e na lista de itens de série – fazem falta airbag duplo e ABS. Mas o que assusta muita gente é o alto seguro, o mais caro do segmento.


ONDE O BICHO PEGA

Sistema elétrico - Não são raras as panes que fazem as portas travarem ou os vidros abrirem ou fecharem sozinhos. Em geral o problema está na central eletrônica, que pode exigir uma reinstalação do software, mas às vezes a aplicação de grafite em pó nas canaletas dos vidros resolve.

Suspensão - A bucha da bandeja (36,20 reais cada uma) é frágil e costuma se romper. Os sintomas são falta de estabilidade em curvas, direção desalinhada e até trepidação no volante.

Lavador de para-brisa - Com o tempo a mangueira presa ao reservatório de água se solta e provoca vazamentos. A dica é levar a alguma autorizada para colocar uma presilha. Em outros casos, a mangueira pode estar furada.

Motor - Não é difícil a versão 2.0 16V apresentar vazamentos de água pela junta do cabeçote, em geral consequência de um superaquecimento. Nesse caso a junta precisa ser substituída por outra de maior espessura, que custa cerca de 80 reais.

Farol - Embaça com certa frequência, principalmente em dias de forte chuva ou em lavagens. Isso ocorre devido à má vedação da lente. Se estiver na garantia, a dica é trocar por outra. Caso contrário, uma discreta aplicação de silicone pode resolver o problema.


A VOZ DO DONO

“O 307 é perfeito para uma grande cidade como São Paulo. Deixa a desejar em desempenho, mas compensa em conforto, essencial para quem enfrenta diariamente quilômetros de engarrafamentos. É mais bem acabado e equipado que a grande maioria dos seus rivais na mesma faixa de preço, embora seja um carro de manutenção mais cara.”

Richard Lee, estudante, 21 anos, São Paulo (SP)

O QUE EU ADORO
“Tem muita tecnologia embarcada e possui um design muito bonito. O espaço interno também é o melhor que já vi para um hatch médio.”
Vinícius Cardoso Macedo, 32 anos, advogado, Rio de Janeiro (RJ)

O QUE EU ODEIO
“O sistema de som original é péssimo e a antena é ruim, com dificuldade de sintonia das rádios. E o que mais me deixa indignado é que a Peugeot ignora esse problema.”
Lucas Rosa Coelho, 21 anos, estudante, Magé (RJ)

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