sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Quando vale comprar o carro em outra cidade


Você está pensando em comprar um carro novo, mas não está conseguindo encontrar preços atrativos na cidade onde mora. Então surge a dúvida: vale a pena fechar negócio por aí ou é melhor procurar por algum desconto interessante em outra cidade ou, até mesmo, em outro estado? Será que isso ainda vale a pena?


Para o empresário baiano José Roberto Bittencourt Lopes, valeu. Com residência fixa em São Paulo, Lopes buscava um Fiat Siena para o irmão, que mora em Vitória da Conquista (BA) e não conseguia encontrar o modelo por preço convidativo. “Meu irmão cotou em diversas revendas e o valor mais baixo que conseguiu foi de 41 500 reais. Ele achou um pouco salgado e me pediu que ligasse para algumas concessionárias de São Paulo para ver se conseguia algo mais em conta. Felizmente encontrei o mesmo carro por 38 000 reais.” Apesar de não se tratar de desconto tão generoso, o fato de Lopes já ter programado em sua agenda uma visita ao irmão foi preponderante para a realização da compra. “Ele não terá de gastar com viagem, acomodação e nenhuma outra coisa para vir buscar o carro. Eu já tinha me programado para visitá-lo e vou levar o carro para ele”, diz.


Casos como o de Lopes ainda são comuns no país. Principalmente em grandes metrópoles, como São Paulo, onde o número de revendas é grande e, consequentemente, a concorrência é bem maior. Num cenário como esse, o resultado é um só: oferta diversificada de carros e preços baixos.


Para tentar desestimular situações como a do empresário baiano, as concessionárias das principais marcas da cidade de São Paulo vêm dificultando a venda de veículos para pessoas de outros estados. “Temos uma política de não realizar a venda para esse tipo de cliente. É uma forma de protegermos os concessionários de outros estados”, afirma Giuliano Coelho, vendedor da autorizada Fiat Amazonas. Tal filosofia até pode funcionar bem na teoria, porém na prática não é assim. Ainda mais em tempos de crise. Basta ter algum parente ou conhecido disposto a registrar o veículo na cidade onde a compra será realizada e, pronto, é só assinar o cheque e aproveitar as vantagens.


Para o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Sergio Reze, tal prática deixou de ser tão interessante há alguns anos. “O frete já é nacional há mais ou menos seis anos e as variações tributárias, como no ICMS, praticamente não modificam o preço final. O que pode variar é o IPVA, como em Goiás, onde o estado paga o primeiro emplacamento. Mas a pessoa tem que comprovar que comprou o carro na cidade onde reside, que mora nela por determinado tempo, entre outras coisas”, diz Reze. Ele explica ainda que as promoções realizadas hoje também são feitas em âmbito nacional. “O que pode diferenciar é o tamanho do estoque. Talvez uma revenda possa ter mais carros que outra, o que lhe permite praticar preços melhores. Mas, fora isso, está cada vez mais difícil conseguir algo que valha realmente a pena em outro estado.”


O Sul da bússola

Apesar dos incentivos cada vez menores às viagens intermunicipais atrás de bons negócios, é fato que elas ainda acabam compensando em alguns casos. Por mais dificuldades que as concessionárias criem, ainda é grande o número de consultas por parte de clientes de outros estados. Segundo o gerente de vendas da Citroën Basile, em São Paulo, cerca de 10% das vendas são para pessoas de outros estados. “Vendo algo entre dez e 15 carros por mês para clientes de outros estados. Principalmente para pessoas do Sul”, afirma. Na revenda Ford Frei Caneca, a realidade é a mesma. “Das três vendas que realizei para fora de São Paulo, todas foram para o Sul”, diz o gerente Washington Sato. Ele explica que o que motiva esse tipo de negócio não é o eventual imposto menor, mas sim a concorrência, que obriga as lojas a praticarem preços inferiores aos de locais com menor número de revendas.


O servidor público Delosmar Zanolla, de Passo Fundo (RS), conseguiu uma boa economia na compra de seu Focus Sedan zero. “Como não estava conseguindo encontrar meu carro por preço interessante aqui no Sul, comecei a pesquisar em alguns sites especializados. Consegui o mesmo modelo por 5 000 reais a menos em São Paulo. Não pensei duas vezes. O único gasto a mais que tive foi com o transporte, que ficou em 650 reais”, diz Zanolla.


Mas nem só o preço define esse tipo de compra. O prazo de entrega também pode ser decisivo. É o que conta o empresário Leonardo Padilha, de Fortaleza (CE), interessado na aquisição de um Peugeot 207. Em sua cidade, após diversas consultas, Padilha encontrou o carro por 38 500 reais, apenas 500 reais mais alto que o obtido em São Paulo. “Se fosse levar em conta apenas a diferença de preço, não compensaria. O que me fez fechar negócio foi o tempo de entrega, que era imediato. Aqui em Fortaleza demoraria no mínimo uns 15 dias para eu receber o carro.”


Usado na estrada

E não pense que essa prática só funciona para o zero-quilômetro. Até para os usados o recurso funciona, apesar de ser em situações mais específicas, pois aí entra um risco que não há no carro novo: o estado de conservação do veículo que você vai buscar. Se não tiver um amigo que seja especialista no assunto, você é obrigado a ir até a cidade e selecionar as ofertas pessoalmente, indo de loja em loja. Por isso acaba compensando mais para os profissionais do ramo.


Rogério Gomes, proprietário da loja de usados Hollywood Automóveis, em Porto Alegre (RS), explica que cerca de 40% das suas vendas são relativas a carros comprados na capital paulista. “Os carros de São Paulo custam em média 10% menos”, diz. Além disso, ele faz questão de ressaltar que em São Paulo os carros têm mais qualidade e a oferta também é bem maior. Ele reforça que ainda ajuda o baixo valor do frete, no caso dele de 360 reais.


Em resumo, seja por conta do preço, seja pela urgência, grandes metrópoles ainda seduzem quem busca um carro fora de sua cidade. Portanto, caso esteja pensando em comprar seu carro zeroquilômetro, aproveite para pesquisar o preço e não se esqueça de incluir na conta gastos como transporte pessoal, combustível da viagem e até uma acomodação e alimentação, no caso de ter de pernoitar na cidade. Se mesmo assim valer a pena, não deixe de aproveitar o bom negócio.



O CUSTO DA MIGRAÇÃO (valores cotados em julho de 2009)

Fiesta Trail 1.6
São Paulo: 39 800
Porto Alegre: 41 500

CrossFox
São Paulo: 41 100
Porto Alegre: 42 000

Punto HLX 1.8
São Paulo: 44 800
Porto Alegre: 47 000

Civic LXS
São Paulo: 61 000
Porto Alegre: 64 965

407 SW 2.0
São Paulo: 84 000
Porto Alegre: 91 000

Camry XLE
São Paulo: 133 000
Porto Alegre: 145 000

Nenhum comentário: