sexta-feira, 3 de outubro de 2008

No duelo entre C4 Picasso e Scénic, detalhes favorecem Citroën


Apesar de ser quase R$2.000 mais cara, a Grand C4 Picasso tem concepção mais moderna e desempenho mais empolgante que o da Renault Grand Scénic
Uma diferença de quase R$ 2.000, mais exatamente R$ 1.810, pesa em qualquer bolso, mas quando ela se refere a dois veículos com preços de quase R$ 90 mil, a importância dessa diferença diminui. No caso deste comparativo, entre as minivans Renault Grand Scénic e a Citroën Grand C4 Picasso, não só ela perde relevância como até se justifica. As diferenças entre elas podem parecer detalhes, mas poucas vezes detalhes pesaram tanto a favor de um produto contra o outro. Neste caso, a favor da Citroën. Para começar, as duas são importadas da França. Também têm preços próximos, tamanhos próximos, motores de cilindrada igual e o mesmo número de lugares, para sete passageiros. Quem quiser olhar as fichas técnicas de ambas, logo abaixo, verá também que as suspensões seguem a mesma disposição, que os freios são a disco nas quatro rodas e que até as rodas são da mesma medida, de aro 16”. Teoricamente, comprar uma ou outra seria como trocar seis por meia-dúzia, mas a escolha está longe de ser tão simples. A razão mais forte para isso é que, apesar de ambas serem novidade no mercado brasileiro, a Renault Grand Scénic está prestes a sofrer mudanças estéticas importantes, o que fará o modelo atual perder valor mais rápido. Considerando sua data de lançamento, ela poderia ter sido trazida ao Brasil bem antes, mas sabemos que foi o câmbio favorável que facilitou sua importação justamente agora. A Grand C4 Picasso, apresentada há menos tempo, se aproveitou do mesmo quadro, mas tem mais tempo de vida pela frente. Mesmo que fosse só isso o que pesasse a favor da minivan da Citroën, a balança continuaria bastante desequilibrada. O caso é que há mais fatores que tornam a Grand C4 Picasso uma compra mais interessante.Ao volantePara começar, a minivan da Citroën tem algo que a Scénic só conseguiria ter com uma reestilização. Trata-se do sistema VisionSpace, que, em miúdos, traz a linha superior do pára-brisas quase até a cabeça do motorista, o que permite uma visibilidade que nunca tivemos em nenhum carro que não fosse conversível, por exemplo. Com isso, motoristas mais altos conseguem enxergar o semáforo quando estão esperando perto da faixa de pedestres, algo realmente extraordinário.Para evitar que o sol ofusque o condutor em finais de tarde de outono, os pára-sóis correm por trilhos até o nível em que eles ficariam posicionados se o teto não fosse recuado. Com isso, o motorista continua capaz de proteger os olhos sem, com isso, perder seu campo de visão.Apesar de maior (4,59 m, contra 4,50 m, da Scénic), a Grand C4 Picasso é mais leve (1.560 kg, contra 1.645 kg) e mais potente (143 cv, contra 138 cv), com mais torque disponível (200 Nm, contra 187 Nm). As duas minivans contam com câmbios automáticos de apenas quatro marchas, o que prejudica ambas, mas, na Citroën, quase não se nota a falta que uma quinta marcha faz.A experiência de dirigir as duas é completamente diferente. Enquanto a Grand C4 Picasso responde prontamente aos comandos do acelerador, reduzindo as marchas sempre que o motorista precisa, a Grand Scénic teima em achar que deve deixar o motor crescer de giro sozinho em vez de reduzir a marcha, mesmo quando um caminhão se aproxima rápido demais no lado oposto em uma ultrapassagem. Isso mesmo com o sistema Proactive, que teoricamente aprende a maneira de conduzir da pessoa que está atrás do volante. Das duas, a Citroën é única em que se pode confiar plenamente na estrada.Em curvas, as duas são tão estáveis quanto a altura permite. E se saem bem, considerando sua proposta familiar. A Grand C4 Picasso se destaca pelo comportamento mais esportivo. A visibilidade é ótima nas duas, com vantagem para a Grand C4 Picasso, e o que não é tão fácil de ver os sensores ajudam a enxergar, especialmente em manobras de estacionamento. Ambas têm sensores na dianteira e na traseira.A letargia da Grand Scénic não interfere no conforto que ela oferece aos passageiros, que fica no mesmo nível do que a Grand C4 Picasso proporciona. Como já dissemos, as duas carregam até sete pessoas e o espaço interno para os passageiros da segunda fileira de bancos é bem razoável em ambas. Na terceira fileira não se recomenda que adultos viajem, apenas em trajetos curtos. Ali, só gente miúda.MercadoComo as duas são importadas, elas, por uma questão de prudência das empresas, vêm só nas cores mais vendidas do mercado, os famosos preto e prata. É a garantia de que o que vier será vendido, ainda que demore um pouco.Dentre elas, pelo menos a Grand C4 Picasso tem a garantia de ser fabricada aqui por perto, na Argentina, em um prazo relativamente curto. A Renault Grand Scénic, que também poderia ser fabricada na América do Sul, não deve vir devido aos baixos volumes de venda. Uma prova disso, recente, é o Kangoo, que mudou completamente na Europa e chega agora ao Brasil com a aparência que está saindo de linha no Velho Continente. A desculpa de a plataforma não estar disponível não serve, uma vez que ela é a mesma do Mégane Sedan e da Grand Tour. Para justificar mais investimentos por aqui, a Renault, primeiro, precisa provar que caiu no gosto dos brasileiros, algo que o Logan e o Sandero estão fazendo por ela. Quem sabe num futuro próximo, com o mercado mantendo o crescimento atual, ela não escolha fazer aqui também modelos mais sofisticados? Será a única maneira de ela enfrentar com igualdade de condições um produto mais moderno, como a Grand C4 Picasso. Ainda que a vitória, como aconteceu neste comparativo, se dê nos detalhes.

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