domingo, 12 de outubro de 2008

Salão de Paris: pessimismo na Europa beneficia os emergentes

Perspectiva de queda de vendas em mercados maduros abre os olhos das montadoras para países como o Brasil
O frio inesperado de pouco mais de 10ºC na capital francesa parece refletir o clima mais para o pessimismo no mercado europeu. Comparando o primeiro semestre deste ano com o mesmo período de 2007, os 29 países da União Européia (mais Suíça e Noruega) tiveram uma pequena queda de 2% nas vendas. Mas Espanha (menos 20%) e Itália (menos 10%) caíram bem mais que a média e há tendência de o recuo se acentuar pelos resultados já conhecidos de agosto e setembro.Assim o Salão do Automóvel de Paris abre suas portas ao publico amanhã com uma multidão de fãs, porém sem a descontração das últimas edições. Esta é a exposição automobilística de maior público no mundo, tendo superado o Salão de Tóquio. Os seis pavilhões da Porta de Versalhes permanecerão abertos até o dia 19 de outubro, ao longo, portanto, de três fins de semana.Carlos Ghosn, presidente da aliança Renault-Nissan, conversou hoje cedo com um grupo restrito de jornalistas dos países onde a marca francesa possui instalações industriais. Demonstrou confiança de que o mercado brasileiro poderá ter uma desaceleração do ritmo de crescimento, como reflexo da crise financeira internacional, em 2009, mas continuará se desenvolvendo. E admitiu que estuda a produção no Mercosul do Mégane III, que acaba de estrear aqui em Paris. Não citou em que pais será produzido, nem as versões escolhidas.Essa abertura de Ghosn em relação ao lançamento no país de um dos produtos que mais chamam a atenção neste salão é relevante. Até estimou a data provável de apresentação: final de 2010. O novo Mégane terá, na Europa, uma gama completa, começando com o hatch de quatro portas e um cupê que ocupam posições privilegiadas no enorme estande da marca francesa no Pavilhão 1, o de maior área. O cupê impressiona bastante por ter traços modernos e atraentes, sem exageros. A Renault confirma que a gama inclui um sedã, uma station e um cupê-cabriolet, além, é claro, da nova Scénic que sempre foi o carro-chefe dos produtos médio-compactos da empresa.Os franceses estão mais atentos do que nunca ao mercado brasileiro. Jean-Louis Chamla, diretor de Operações Internacionais da Citroën, disse que a marca está pronta para continuar crescendo no Brasil com novos produtos, além do C4 hatch produzido na Argentina, que chega em abril de 2009. O presidente da Citroën do Brasil, Jean-Louis Orphelin, lembrou que o Centro de Estilo do Grupo PSA Peugeot Citroën montado em São Paulo (SP) dará contribuição especial ao produto novo a estrear em 2010.O escolhido - C3 Picasso - comprova que a Citroën tem conseguido sucesso em termos de estilo. Esse novo monovolume compacto se destaca pelas colunas dianteiras estreitas e pela continuidade lateral do enorme pára-brisa. As vendas cresceram na Europa, inclusive do novo C5. Dentro do grupo, o mix aproximado hoje da produção mundial total é de 45% para a marca Citroën e 55% para Peugeot, acima dos padrões históricos.Entre os carros pequenos, o Ford Ka, que compartilha a mesma arquitetura do Fiat 500 (inclusive a mesma linha de montagem em Tichy, Polônia), estréia em Paris em substituição ao Ka original, que se manteve sem alterações desde seu lançamento, há 12 anos. Com 3,55 m de comprimento, é 7 cm mais curto, mas seu espaço interno melhorou. O desenho não rompe com o tradicional, como no modelo original, mas é agradável e chamará a atenção nas ruas. A Ford não vai importá-lo porque ficaria muito caro com os impostos.Entre os carros conceituais, um dos que mais impressionaram foi o Peugeot RC, um esportivo hibrido de estilo audacioso. O Prologue, primeiro crossover da marca francesa, apareceu em Paris praticamente em sua forma final e estará pronto para o lançamento na primavera européia, batizado de 3008. O novo BMW Série 7 comprova que, dessa vez, Chris Bangle acertou, ainda mais no X1 exibido como carro-conceito, mas com todas suas formas definidas.O minúsculo Toyota iQ, de apenas 2,99 m de comprimento, foi outra estréia mundial. A empresa japonesa acredita que alcançará um público altamente interessado na Europa por ser o modelo de quatro lugares mais curto hoje em produção. Para se ter uma idéia, tem apenas 29 cm a mais que o Smart (marca da Daimler) que só leva dois passageiros.Entre os superesportivos, o exótico Aston Martin One-77 foi elogiado pelas linhas e, como carro de exibição, marca a tendência que o fabricante inglês seguirá nos próximos anos. A Ford vendeu recentemente a Aston Martin para um grupo de investidores da Inglaterra. A marca, líder entre os esportivos mais caros do mundo, teve vendas mundiais maiores do que as da Ferrari no ano passado.

Nenhum comentário: