terça-feira, 3 de março de 2009

Custo do airbag obrigatório preocupa motoristas

Marcos Vieira/EM/D.A Press
Sérgio Pinheiro, engenheiro: "Fica mais caro, mas dá segurança"
Marinella Castro - Estado de Minas O airbag garante a segurança em casos de acidentes. No momento de decidir pela compra do equipamento, que eleva em mais de 10% o valor do carro popular, o consumidor acaba escolhendo não instalar o opcional. A conta é prática e leva em consideração as limitações do bolso. Para um automóvel que custa R$ 23,8 mil, por exemplo, o equipamento não sai por menos de R$ 2,8 mil. Mas, como ocorreu com os cintos de segurança, nos próximos cinco anos o uso do airbag, hoje considerado item de luxo, vai deixar de ser uma escolha do consumidor e se tornar obrigatório. A expectativa é de que a produção nacional, em larga escala, barateie o produto. A lei que torna obrigatória a instalação do airbag para o condutor e para o passageiro do banco dianteiro do carro foi aprovada pela Câmara Federal. Os novos modelos deverão oferecer o equipamento de segurança a partir do primeiro ano da regulamentação do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que vai definir também o cronograma de implantação. Para os carros zero e modelos já existentes, a obrigatoriedade será a partir do quinto ano depois da definição das regras. O prazo estendido a 2014 agradou às montadoras, que durante as discussões do projeto fizeram pressões contrárias à aprovação, alegando alta no preço final dos veículos. Na quinta-feira, a Anfavea se posicionou de modo favorável à lei, que aguarda por sanção do presidente Lula. É importante ficar claro que o airbag não excluirá os cintos de segurança, esclareceu a entidade. A nutricionista Regina Janot teve uma experiência com o equipamento e considera importante que o custo caia para torná-lo acessível. "Sofri um acidente grave e fui protegida pelo airbag, lembra. Depois do ocorrido, a nutricionista incluiu em seu veículo importado airbags também nos bancos de trás. Foi muito caro. Cerca de R$ 2 mil cada um. Atualmente, o equipamento é importado e instalado nos carros pelas montadoras. A assessora de relações governamentais da Rhodia, Renata Bley, informou que a empresa, que produz o fio usado no airbag, e as empresas de autopeças Takata e TRW, poderão desenvolver a cadeia produtiva do airbag nacional em um prazo de um ano, porque já possuem a tecnologia para isso. A empresa afirmou que a obrigatoriedade vai permitir a produção em grande escala, o que fará cair o preço. Ela ressaltou ainda que, além do ganho social com a segurança e a queda de gastos com acidentes, a produção nacional vai garantir empregos. O airbag certamente vai encarecer o carro, mas é um item importante para a segurança, comenta o engenheiro Sérgio Pinheiro, que por enquanto não pensa em instalar o produto em seu veículo. Acho que gastaria pelo menos R$ 1,5 mil, calcula.O presidente do Sincodiv-MG, Mauro Pinto, considera que a tecnologia não terá impacto nas vendas das montadoras. Vai haver um custo que deve ser absorvido pelo mercado. Ele pondera, no entanto, que modelos antigos que hoje não oferecem a possibilidade do opcional terão de se adequar à nova lei. No ano passado, dos três milhões de carros produzidos no Brasil, apenas 300 mil saíram da fábrica com airbag, em sua maioria modelos com preços acima de R$ 50 mil. Um outro projeto é defendido em Brasília propondo a fixação de um calendário de implantação progressiva do airbag pelas montadoras, partindo de 30% no primeiro ano até 100% no quinto ano. O enfermeiro Wellington Souza já chegou a pensar em adicionar o equipamento em seu carro, mas desistiu. Me custaria cerca de R$ 1,6 mil pondera.

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