quarta-feira, 6 de maio de 2009

Não compre no escuro - Ford Ecosport


Simpático e prático, o Ecosport foi a aposta da Ford no segmento dos utilitários-esportivos de tamanho compacto. As linhas são bastante parecidas com as encontradas no Ford Escape americano. A plataforma é baseada na do Ford Fiesta (que, por sua vez, tem como origem o Ford Fusion europeu), o que o torna parte do chamado Projeto Amazon. Aliás, o primeiro protótipo do Ecosport, feito pela Ford, era na verdade um Fiesta com a suspensão elevada. E esse “pacote” vem dando certo, fazendo sucesso no mercado.

E agora, quase quatro anos após o lançamento, há grande quantidade de opções entre as unidades usadas à venda. O Ecosport foi lançado em 2003, com três tipos de motorização, 1.0 Supercharger (95 cv), 1.6 Rocam (98 cv) e 2.0 16V, a mesma unidade encontrada no Ford Mondeo (143 cv). As versões de acabamento eram a XL, básica (com motor 1.0 ou 1.6), XLS (1.6) e a top XLT (2.0 16V). Todas elas são disponíveis apenas com câmbio manual e não há, ainda, opção de transmissão automática.

A versão básica já trazia como itens de série direção hidráulica, ajuste de altura do volante e banco do motorista, conta-giros, banco traseiro bi-partido, pneus 205-65 R15, aquecimento e imobilizador eletrônico. O ar condicionado era oferecido com acessório, ao contrário do conjunto elétrico, que não era disponível para a versão básica nem como opcional.

O Ecosport XLS trazia ar condicionado e conjunto elétrico como itens de série, além de faróis de neblina e brake-light. Entre os opcionais estavam o airbag, CD player e acendedor de cigarros. Já o XLT, além do motor mais potente, vinha com rodas de liga, pára-choques pintados na cor da carroceria, sistema de freios com ABS e duplo airbag. Entre os opcionais, um era realmente curioso para um utilitário-esportivo, que teoricamente deve ser usado em pequenos percursos off-road: protetor de cárter...

Três meses depois do lançamento do Ecosport, é apresentada a versão 4x4 – denominada 4WD – apenas com motor 2.0 16V. Denominada Control Trac II, o sistema é originário do Ford Escape americano, controlada eletricamente por meio de um botão no painel de instrumentos. Entre as novidades estava a nova suspensão traseira multilink e o novo tanque de combustível de 50 litros, cinco a mais que nas outras versões, ambas como conseqüência do sistema 4x4. Havia agora os inéditos estribos laterais e revestimento em couro com duas cores.

Em maio de 2005 a Ford apresenta o motor 1.6 Flex para a linha, tirando de produção motor 1,6-litro a gasolina. A potência agora era de 105 cv quando abastecido somente com gasolina e de 111 cv quando alimentado com álcool. Em novembro de 2005 sai de linha a versão top 2.0 16V, embora o 4WD permaneça em produção. Nesse mesmo mês entra em produção a série especial Freestyle e o kit Camaleão, em homenagem ao bloco de mesmo nome originário da Bahia. Em abril de 2006 a Ford tira de linha o motor 1-litro Supercharger.

Apesar do sucesso, o Ecosport apresenta acabamento simples para um veículo desse segmento. Infelizmente o outrora bem-cuidado acabamento típico da Ford deu lugar aos plásticos de baixa qualidade – como os encontrados nas portas, compostos de apenas uma peça e até mesmo com rebarbas – parafusos aparentes, tecidos finos, entre outras falhas. Com o lançamento da versão Flex, no ano passado, houve um primeiro retrabalho da Ford no sentido de melhorar a qualidade da montagem e materiais, já que os consumidores passaram a reclamar. Pelo menos nesse caso, a voz do consumidor foi ouvida pela fabricante.

Boa imagem e sucesso de vendas

O EcoSport foi o maior acerto da Ford no Brasil após o divórcio da Volks, na Autolatina, e proporcionou a retomada de crescimento no mercado interno. Foi lançado em 2003 e logo se transformou em objeto de desejo, especialmente do público feminino. Alto em relação ao solo, com desenho bonito e aspecto valente, o EcoSport transmite segurança e poder. E atende aos desejos do consumidor de ter um carro fora-de-estrada.

Logo no primeiro ano de vendas, a Ford vendeu 29.081 unidades do EcoSport. No ano seguinte, em 2004, com o lançamento da versão Flex, as vendas foram de 41.329 unidades. E o crescimento continuou no ano passado, com 46.080 unidades. Em 2006 as vendas do EcoSport têm se mantido no mesmo patamar do ano passado, cerca de 3.800 unidades mensais.

O EcoSport é vendido com desconto médio de 2,9%. O modelo Freestyle Flex é o que tem o maior desconto, 6,3%. Oficialmente, o carro custa R$ 55.480,00 (já com frete e pintura metálica incluídos), mas pode ser encontrado por R$ 52 mil. A versão 4x4, a 2.0 4WD, custa na tabela R$ 72.910,00, mas o preço praticado no mercado é R$ 70 mil, desconto de 3,9%.

A depreciação do carro é baixa. O EcoSport desvaloriza no primeiro ano de uso 8,6%, um índice mais baixo que o das minivans e dos sedãs médios. Classificado como veículo comercial leve pelo Renavam, o EcoSport tem depreciação mais baixa que a dos veículos utilitários.

Comprando um Ecosport usado

O acabamento das primeiras unidades é ruidoso e de baixa qualidade para um carro desse segmento e não é incomum a quebra de componentes plásticos do interior do Ecosport. Tanto que, com o lançamento da versão Flex, esse foi um dos aspectos revistos no carro por parte da Ford. As máquinas dos vidros elétricos, feitas quase inteiramente de plástico, apresentam o vidro colado ao suporte que vai no trilho. Com as vibrações e o uso, esse suporte quebra e o vidro cai no interior da porta. Um sintoma de problemas é quando o vidro passa a subir torto e necessita de ajuda manual para ficar no lugar. A máquina custa R$ 185,00 nas concessionárias.

Nas versões Flex, o reservatório de partida a frio apresenta o incômodo hábito de vazar, deixando o interior do carro com cheiro de gasolina, sem falar no perigo de acidentes. As borrachas das portas e tampa traseira se soltam em algumas unidades. Se permanecerem fora de posição, além de proporcionar a entrada de água e poeira, acabam ficando deformadas e necessitam de troca.

Problemas no sistema de embreagem do Ecosport não são incomuns, tanto no acionamento como no platô, disco e rolamento, o chamado “kit”. Trepidações são o sintoma mais comum, que pode ser encontrado mesmo em carros com baixa quilometragem.

Evite a compra de modelos equipados com motor 1-litro Supercharger, pois apresentam pouco torque em baixos regimes e tornam o Ecosport muito pouco ágil. Além disso, têm a comercialização mais difícil. Evite também modelos sem ar condicionado; nesse segmento, esse é um equipamento indispensável. Boa sorte!

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