quarta-feira, 8 de julho de 2009

Tijolinho - Alvenaria sofisticada

Estelionatários de São Paulo usam concessionária para aplicar golpe de R$ 30 mil em consumidora de Belo Horizonte que tentou comprar um Fox com 25% de desconto

Não faltam ditados populares que pregam a desconfiança diante de ofertas muito generosas. E eles são sábios. Débora Assunção viu um anúncio de um Volkswagen Fox 1.6, no valor de R$ 30 mil, nos classificados do jornal Estado de Minas. O valor de mercado desse modelo é de R$ 40 mil. A explicação do vendedor, segundo Débora, é que ele ganhou o carro em um sorteio e não usaria, por isso estaria vendendo. Para confirmar o negócio, Débora entrou em contato com a empresa chamada VPE, que seria a promotora do sorteio. Para concluir a transação, o veículo seria faturado pela concessionária Volkswagen Garra, de Belo Horizonte.

"Fiz o depósito para a pessoa que anunciou o carro, mas depois o vendedor da concessionária me procurou e disse que eu precisava assinar o cancelamento da faturamento da compra do carro, pois a revenda não recebeu o depósito", afirma Débora. No caso, a concessionária foi procurada pela VPE para faturar um Fox 1.6 no valor de R$ 39,5 mil, que seria vendido a Débora. A operação seria a mesma que ocorre entre as concessionárias e as revendas de carros, conhecidas como "bocas", com a Garra funcionando como uma intermediária entre a fábrica e o lojista, no caso a promotora de eventos. Porém, a VPE foi uma empresa criada para aplicar o golpe e usou a concessionária Garra como escada.

Débora reclama da posição da concessionária, pois acredita que, se ela emitiu uma nota fiscal do veículo, é responsável pela venda. "Queria que todas as pessoas soubessem que o fato de uma concessionária faturar um carro não significa que ela vai entregar. Você pode pagar, sair com a nota fiscal e ficar sem o carro", indigna-se Débora.

De acordo com a direção com concessionária, Débora Assunção afirma ter sido vítima de golpe praticado por estelionatários e agora tenta imputar alguma responsabilidade à Garra, que não participou da negociação que ela realizou com os meliantes, cabendo salientar que ela fez depósito em conta de terceiros e não para a revenda. A direção da Garra ressalta ainda que cancelou a venda e não liberou o veículo para a senhora Débora em razão da empresa não ter recebido o pagamento do mesmo. A Garra se coloca à disposição para quaisquer esclarecimentos que se fizerem necessários para a senhora Débora.

O deputado estadual Délio Malheiros, vice-presidente da comissão de defesa de direitos do consumidor da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, explica que não há como condenar a concessionária somente por emitir a nota fiscal antes do faturamento, pois essa é uma operação comum. "É preciso apurar se a concessionária de alguma forma deu a entender que o negócio era legal", ressalta o deputado. Ele explica que, se a concessionária emprestou seu nome ou de alguma forma mostrou que teve participação no negócio, pode até ser condenada. O alerta do deputado é para sempre desconfiar de anúncios com valores muito inferiores ao preço de mercado, principalmente se a origem da oferta for de outro estado. "Um desconto desse tamanho cheira a fraude", reforça Malheiros.

Velho golpe
O "golpe do tijolinho", como é conhecido os anúncios que oferecem condições extremamente favoráveis para a compra de veículos, é comum nos classificados dos jornais, que não têm como checar a procedência de todos os anúncios feitos por telefone. Em caso de carro usado, é essencial conferir o veículo pessoalmente antes de efetuar a compra. Para veículos novos, sempre desconfie de ofertas que oferecem descontos vantajosos demais, que são provenientes de outros estados e que insistem em depósitos antecipados.

Um comentário:

Anônimo disse...

O mesmo golpe foi praticado em PORTO ALEGRE/RS aqui os golpistas autorizaram o faturamento da ECOSPORT 2010/2011 na Concessionária COPAGRA, onde a vendedora desta concessionária confirmou o recebimento do depósito pela manhã...e a tarde após as 18:00h ligou dizendo que foi um engano e que o dinheiro não havia sido depositado.