quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Cadeirinhas com selo

Agora, somente cadeirinhas com selo do imetro podem ser comercializadas

Desde o mês de abril de 2009 é obrigatório: todos os dispositivos de retenção para transporte de crianças à venda no país – bebê-conforto, cadeirinha e assento de elevação – devem ter na loja o selo do Inmetro, responsável por garantir que o produto foi submetido a uma série de testes que comprovam sua qualidade e segurança. A exigência é válida para produtos nacionais ou para importados. Loja que comercializar a cadeirinha sem o selo pode ser multada em até 500 000 reais, além de ter o produto recolhido. “Já temos agendada uma fiscalização para o país inteiro. Eu mesmo não tenho mais encontrado produtos sem o selo do Inmetro no mercado”, afirma Gustavo José Kuster, gerente de avaliação da conformidade do órgão. O selo de certificação, que é holográfico para dificultar a falsificação, precisa estar em local visível – em geral, na lateral da cadeirinha, sobre a superfície plástica.

Para ganhar essa certificação, as cadeirinhas passaram por testes realizados em laboratórios europeus reconhecidos pelo Inmetro. Os ensaios levaram em conta basicamente três pontos: informação (dados que auxiliam a instalação da cadeirinha e manual de instruções), avaliação estática (se elas têm bons encaixes, se há pontas cortantes ou arestas que possam ferir crianças e adultos) e dinâmica (foram submetidas a crash-tests para verificar como se comportam em acidente). Os critérios para sua aprovação no Brasil são adaptações das normas que vigoram nos Estados Unidos e na Europa, conhecidos por terem uma legislação rigorosa. Ou seja, na hora de escolher a cadeirinha ideal para seu filho, o selo serve para garantir um padrão mínimo de segurança. “Observamos que apenas os adultos tinham o recurso dos cintos de segurança. Por isso optamos por tornar a certificação obrigatória nos dispositivos de retenção”, diz Alfredo Lobo, diretor de qualidade do Inmetro.

Cada um na sua

Na hora de escolher a cadeirinha ideal, o primeiro detalhe a observar é o grupo a que pertence a criança. Há quem pense que recémnascidos não podem ser colocados em bebês-conforto. Puro engano! A criança já pode (e deve) sair da maternidade devidamente acomodada em um. Há basicamente três tipos de dispositivos de retenção: o bebê-conforto (até 1 ano de idade), a cadeirinha propriamente dita (de 1 a 4 anos), e o assento de elevação ou booster (de 4 a 10 anos).

Aliás, crianças até 10 anos devem viajar sempre no banco de trás. “Levar a criança solta é um absurdo. Por menor que seja a distância, é um risco tremendo tanto para a criança quanto para os passageiros do banco da frente. Numa batida, ela é arremessada com um peso 20 ou 30 vezes maior que o dela”, diz Kuster. Estatísticas americanas atestam que o bebê-conforto reduz em até 71% o risco de morte. Isso ocorre porque ele funciona como uma célula de sobrevivência. A cadeirinha, por sua vez, diminui o risco em 64%.

“É importante ressaltar que preço não tem relação direta com segurança. O selo é agora uma garantia de eficácia”, afirma Alessandra Françóia, coordenadora da ONG Criança Segura, entidade dedicada à prevenção de acidentes com crianças e adolescentes de até 14 anos. Ou seja, uma cadeirinha de preço alto não necessariamente é mais segura que uma mais em conta. No entanto, modelos de automóvel mais sofisticados (e mais caros) favorecem a colocação da cadeirinha de forma segura e eficaz. Exemplo: se o carro tem cinto de três pontos no centro do banco traseiro, a criança fica mais protegida de um impacto lateral. Ou mesmo se o veículo é dotado de Isofix, sistema que permite a instalação da cadeirinha de forma mais prática e segura.

Porém de nada adianta adquirir um modelo caríssimo se ele não for bem instalado ou se a criança não for adequadamente posicionada. Em primeiro lugar, a cadeira não pode ficar “dançando” no banco. O cinto deve estar bem esticado – e uma dica prática é usar o peso de seu corpo, apoiando com o joelho, para tirar qualquer folga. Na hora de acomodar a criança, verifique se as tiras saem de cima (e não de trás dos ombros). Elas devem ter apenas um dedo de folga. Prenda o fecho e ouça um clique. Deu certo? Uma boa cadeirinha é aquela em que a criança não consegue soltar-se, mas o adulto precisa conseguir tirá-la em um clique, em geral aplicando uma força no fecho equivalente a 4 kg, o que não é nada fácil para um pequeno fazer sozinho. “Os fechos, bem como os manuais de instrução, foram obrigados a dar uma bela melhorada com a norma”, diz Alessandra.

O manual de instruções também deve especificar outros detalhes, mais ligados à funcionalidade que à segurança. Exemplo: algumas cadeirinhas têm superfície de tecido facilmente retirável e lavável. Outras não podem ser retiradas e a forma de limpar (quem tem criança sabe como se sujam...) é aplicando algum produto. “Cada um vai preferir um tipo de tecido. Ao comprar uma cadeirinha, teste e avalie a praticidade do uso. Não tenha vergonha de ir à loja, experimentálas no carro. Conte até com a ajuda do seu filho para escolher o modelo, verificando com qual ele se sente melhor”, afirma a coordenadora da ONG.

A vez dos pais

Essa mobilização em torno das cadeirinhas chega para amenizar estatísticas preocupantes. Segundo o Ministério da Saúde, em 2005 morreram vítimas de acidentes de trânsito no Brasil 2 326 crianças com idade até 14 anos. Dessas, 551 (ou 24%) eram ocupantes de veículos. No mesmo ano, foram 17 781 casos de hospitalização de crianças por acidentes de trânsito, sendo 2 922 ocupantes de veículos – grande parte ficará com sequelas desse acidente por toda a vida. “Os relatos que mais recebemos de acidentes graves são de crianças mais velhas, ou seja, que já deixaram a cadeirinha, mas estão soltas no automóvel”, diz Alessandra. Daí a importância do uso do assento de elevação ou booster, que custa de 110 (só o assento) a 265 reais (assento com encosto), e que deve ser usado quando a criança tem de 4 a 10 anos, portanto ainda pequena para usar o cinto de três pontos.

Se há um ano foi a vez de os fabricantes se enquadrarem e agora é a vez das lojas, daqui a um ano será a vez dos pais. É o que diz a resolução 277 do Contran, de 2008. Ela determina que, a partir de 9 de junho de 2010, menores de 10 anos devem ser transportados nos bancos traseiros usando individualmente um sistema de retenção adequado à sua idade (as exceções são coletivos, táxis, veículos de transporte escolar e os com peso total superior a 3,5 toneladas).

A norma manda ainda que os manuais dos automóveis tragam informações sobre o transporte de crianças. A partir deste mês deve começar uma campanha educativa por parte de órgãos que compõem o Sistema Nacional de Trânsito. O início da fiscalização está previsto para junho de 2010. Transportar criança de forma inadequada será então considerada infração gravíssima – 7 pontos na carteira e multa de 191,54 reais. Quem sabe assim os motoristas brasileiros param de achar que o pior só acontece com os outros e aprendem onde entra a criança nessa discussão: sempre no banco de trás, presa na cadeirinha.


ISOFIX

O Isofix é um tipo de fixação de cadeirinhas obrigatório nos Estados Unidos, mas pouco conhecido no Brasil. São três ganchos de fixação, dois inferiores e um superior, que permitem instalação rápida, prática e mais segura, já que são presos à estrutura do veículo. O Isofix vem de série em carros como Golf, Polo, Captiva, Peugeot 307, entre outros. Há sistemas similares conhecidos por outros nomes dependendo do país – Latch nos EUA e Luas ou Canfix no Canadá, por exemplo.


BEBÊ-CONFORTO (OU ASSENTO CONVERSÍVEL)

Quem usa: recém-nascido até 9 ou 13 kg (depende do fabricante) ou 1 ano.

Posição: no banco traseiro, de costas para o para-brisa do carro.


Recomendações: as tiras devem ficar abaixo dos ombros e ajustadas ao corpo da criança com um dedo de folga. A cabeça deve descansar de forma plana na concha da cadeirinha. Nunca a recline mais de 45 graus.


Instalação: o cinto de segurança do carro deve passar pelos locais indicados da cadeirinha e ela não deve se mover mais que 2 cm para os lados, após a fixação. É recomendável utilizar um clipe de segurança, que trava o cinto do carro, evitando que ele fique frouxo.

CADEIRA DE SEGURANÇA

Quem usa: de 9 a 18 kg, cerca de 1 a 4 anos.
Posição: no banco traseiro, voltada para a frente, na posição vertical.

Recomendações: as tiras da cadeira devem estar acima dos ombros e ajustadas ao corpo da criança com um dedo de folga. Nunca coloque nada entre a criança e a cadeira.


Instalação: o cinto de segurança do carro deve passar pelos locais indicados da cadeira e ela não deve se mover mais que 2 cm para os lados, após a fixação. Também pode ser necessário o uso de um clipe de segurança.

ASSENTO DE ELEVAÇÃO OU BOOSTER

Quem usa: de 18 a 36 kg, cerca de 4 a 7 anos e meio.
Posição: no banco traseiro, apenas com cinto de três pontos.

Recomendações: o assento de elevação serve para que o cinto de três pontos passe nos locais certos (centro do ombro, cruzando o peito e envolvendo os quadris), como em um adulto. Não improvise com almofadas ou outros objetos. É importante que o carro tenha encosto de cabeça instalado. Até os 10 anos, as crianças devem se sentar no banco traseiro. Ou seja, os dispositivos de retenção nunca devem ser colocados no banco da frente.

A PROVA DO ASSENTO

Como todas as novas cadeirinhas com selo do Inmetro oferecem bom padrão de segurança, fizemos um teste para saber quais oferecem mais recursos e facilidade de uso, contando com a consultoria de Alessandra Françóia, coordenadora da ONG Criança Segura. Para o teste, convidamos as marcas mais vendidas e que já tivessem certificação. Convidadas, Chicco e Galzerano não deram resposta.


BEBÊS-CONFORTO


Infanti Remi Top N100
(11) 4072-4000
R$ 490
NOTA: 9
Peso: até 18 kg
Prós: ótimo custo-benefício, pois dura desde que a criança nasce até que ela complete 4 anos
Contra: é mais complicado de instalar, pois não oferece espaço para colocação do clipe de segurança, que vai encaixado no mesmo fecho do cinto do carro


Peg Pérego Primo Viaggio Tri-Fix
(19) 3404-2000
R$ 800
NOTA: 9
Peso: até 13 kg
Prós: base simples de ajustar (basta apertar um botão), fácil colocação no carro, sistema de retenção de cinco pontos, distribuindo melhor a energia em caso de impacto
Contra: é caro demais, para um bebê-conforto vendido sozinho


Burigotto Touring SE
(19) 3404-2000
R$ 160
NOTA: 8
Peso: até 13 kg
Prós: tem estrutura de plástico de engenharia, leve e resistente, concha arredondada para balanço e duas posições de regulagem do cinto na altura dos ombros
Contra: vem sem base ajustável, que facilitaria na hora de instalá-la corretamente no automóvel


Infanti Z005

(11) 4072-4000
R$ 1 200 (acompanha base e carrinho)
NOTA: 7,5
Peso: até 13 kg
Prós: tem indicador do nível de instalação, usa tecido acolchoado removível e se encaixa num carrinho
Contras: a base é ajustável em três alturas, mas requer retirada de clipes para completar a operação. Como vem num kit com carrinho de bebê, é cara demais


Infanti Star Lava
(11) 4072-4000
R$ 490
NOTA: 9,5
Peso: 9 a 36 kg
Prós: por ser estreita, ocupa menos espaço no banco do automóvel; além disso, pode ser usada como cadeira até os 4 anos e depois, retirando-se o encosto, vira um assento de elevação (booster)
Contra: embora prometa uma boa inclinação, ela de fato inclina pouco


Burigotto Neo Matrix
(19) 3404-2000
R$ 430
NOTA: 9
Peso: 9 a 25 kg
Prós: reclinação é considerável, traz um prático porta-mamadeiras e tem duas posições de regulagem do cinto na altura dos ombros
Contra: todas as vezes que é necessário reclinar a cadeirinha, também é preciso fazer um novo ajuste no cinto


Britax Eclipse Si
(19) 3404-2000
R$ 800
NOTA: 8
Peso: 9 a 18 kg
Prós: entre as avaliadas, é a única que pode ser colocada só no cinto abdominal, ou seja, pode ir no centro do banco traseiro até nos carros mais modestos; para reclinála não é preciso mexer no cinto
Contra: seu uso é limitado, vai apenas até 18 kg (ou 3 anos)


Axiss (Bébé Confort by Dican)
(11) 3611-8080
R$ 2 000
NOTA: 8
Peso: 9 a 18 kg
Prós: o fato de ter base giratória é muito prático para colocar e retirar a criança; seu tecido é removível e lavável
Contras: é a mais cara de todas as que participaram do teste, além de ser pesada para transportar

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