sexta-feira, 2 de julho de 2010

Como escolher uma boa oficina

Saiba como encontrar um conserto seguro em qualquer lugar do país

Marina de Paula

Editora Globo
Imagine a seguinte situação: ao sair do trabalho, tem a desagradável surpresa de ver o carro riscado.Quem já não passou por isso? Ou sofreu com o motor que superaqueceu quando mais precisada do carro? Esses e outros problemas só têm uma solução: levar à oficina. Mas, se você não tem a menor idéia de onde levar seu carro, precisa ficar atento para não ser enganado. “O profissional tem que lidar com transparência no atendimento. É importante explicar todos os detalhes para garantir a confiança do cliente. Assim, o mecânico ganha e o cliente também”, afirma Cássio Hervé, diretor do site Oficina Brasil.


Hoje, as oficinas independentes se dividem em dois segmentos. O primeiro fica por conta das unidades tradicionais, em que os mecânicos não têm o pensamento voltado para o empreendedorismo. Segundo Hervé, a preocupação é apenas em montar um espaço de conserto e atender bem o público. E há também os estabelecimentos novos, que possuem um olhar empreendedor além da mecânica. “Eles [mecânicos] se preocupam em colocar um estacionamento, uma recepção, uma área de conveniência".

Todo o conforto para agradar o cliente”, conclui o diretor do site Oficina Brasil. Porém, as duas opções contam com muitas semelhanças. As oficinas precisam estar limpas, arrumadas e bem iluminadas. Assim, desde a chegada, o cliente consegue visualizar o cuidado que o seu carro receberá. “A organização física reflete na atenção que o carro ganha. Se o espaço está em ordem, provavelmente o serviço seguirá a mesma linha”, declara o administrador Paulo Azevedo.

A aparência dos mecânicos é considerada na hora de definir em qual oficina o carro será consertado. A equipe deve se apresentar com um uniforme, que não precisa ser nada sofisticado, somente o suficiente para identificar o local aonde trabalha. É importante que o técnico esteja disposto a avaliar os problemas com clareza, mostrando qual será o procedimento necessário, sem precisar “levá-lo na lábia”. “Como não tenho conhecimento técnico procuro sempre algum mecânico que possa me explicar direito o problema do meu carro. Dessa maneira, eu me sinto mais seguro em deixar o meu veículo”, garante o advogado João da Costa.


Peças e ferramentas também são determinantes para assegurar uma boa oficina. Antes de começar o trabalho, os estabelecimentos de confiança costumam proteger o volante e os bancos com plásticos para evitar danos. O restante dos equipamentos dependerá da especialidade do local. Se for uma funilaria é ideal que tenha soldas eletrônicas, estufa, cabine de pintura. Se for uma mecânica ou eletrônica precisa estar equipada com acessórios para balanceamento, alinhamento, e tudo o que for mais moderno. As peças também precisam de atenção.

Certifique se os itens de reposição são originais e de qualidade. “Há mecânicos que mostram a embalagem das peças para provar que são originais”, afirma Hervé. Exija também uma explicação detalhada. Pergunte sobre sua função e preço, se achar necessário faça uma pesquisa de mercado. É dever de a oficina sanar todas as dúvidas e deixar tudo descriminado na nota fiscal, que funciona como uma segurança para o cliente e para o mecânico.

Outra garantia do trabalho honesto é o orçamento. Feche um preço justo de acordo com o serviço a ser executado e o que lhe foi oferecido. Peça por escrito a relação de peças e dos consertos, o valor do serviço e o prazo de entrega. Por ser um documento, o técnico responsável deve assinar bem como o dono do automóvel. Na hora de efetuar o pagamento é seu direito fazer um teste, junto com o mecânico. Dê uma volta no quarteirão e verifique se tudo foi resolvido.

"Os mecânicos devem consertar e agendar o retorno para acompanhar o cuidado do motorista"

Mas, não basta resolver os defeitos sem manter o cuidado com o carro. Por isso, Cássio Hervé defende a manutenção preventiva. “Hoje, cerca de 80% dos veículos roda com serviços por fazer. Mas se houvesse uma manutenção dos carros seria diferente. Os mecânicos devem consertar e agendar o retorno para acompanhar o cuidado do motorista. Precisam passar aos condutores algumas orientações sobre o carro”.

Não há uma certificação única para os mecânicos e oficinas. O Senai e a ASE (Automotive Service Excellence) oferecem cursos aos mecânicos que qualificam somente o profissional. Os estabelecimentos recebem a classificação através de aulas ministradas pelo Instituto da Qualidade Automotiva (IQA) e pelo Centro de Experimentação e Segurança Viária (Cesvi). “A certificação é um aspecto muito importante. Os mecânicos costumam exibir os diplomas para mostrar aos clientes que seu trabalho tem qualidade”, afirma Hervé.

Mas nenhum desses órgãos consegue ter o controle sobre a certificação em todas as oficinas. Por isso, em São Paulo, o deputado estadual Major Olímpio criou um projeto intitulado Lei das Oficinas, apresentado no ano passado. A ideia, que ainda aguarda aprovação na Assembléia Legislativa, visa regulamentar os estabelecimentos e o trabalho dos mecânicos. Se for aprovado, o projeto de lei estabelece que todas as oficinas deverão possuir equipamentos homologados pelo Inmetro.

Já o responsável técnico pelo local precisará participar de um curso de 400 horas ou de 40 horas com dois anos de experiência comprovados. O certificado de conclusão será validado pelo MEC. Os estabelecimentos que estiverem irregulares correm o risco de ter que pagar multa de R$ 500 a R$ 5 mil, de acordo com a infração. “Torço para que seja aprovado. Todas as oficinas que desempenham um bom papel aspiram por isso. Vai acabar com a falta de fiscalização”, conclui Hervé.

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