quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Toyota Corolla Altis X Honda Civic EXS

Quando Toyota Corolla e Honda Civic chegaram à redação do Carsale, confesso que fiquei pensativo. O que mais falar dos dois sedãs médios? Tantos e tantos comparativos já publicados sobre eles nos últimos anos... Bom, aí me veio à cabeça a frase postada por uma amiga em um desses comunicadores instantâneos da internet: “Não há assunto tão velho que não possa ser dito algo de novo sobre ele”. Bingo! A sequência foi uma profusão de idéias, que vocês conferem a seguir. E para este comparativo, é preciso reconhecer: os arquirrivais são donos de um dos maiores embates da última década!

Versões “tops” partem acima de R$ 88 mil

Para a realidade “compacta” dos brasileiros, Corolla e Civic são verdadeiros luxos. Os sedãs médios de Toyota e Honda custam quase R$ 90 mil nas versões topo de linha avaliadas – Altis e EXS, respectivamente. É muito dinheiro para o que ambos entregam em termos de tecnologia e requinte. Tanto que as versões que vendem para valer são as intermediárias, cujos preços variam entre R$ 65 mil e R$ 75 mil. Ainda assim, os dois modelos ostentam um status de refino e sofisticação que os permite “se darem ao luxo” de custarem tão caro. As listas de série são fartas e o acabamento, agradável.

A atualidade é outro fator que faz desses modelos os mais vendidos do segmento há anos. Em 2007 e 2008, o Civic liderou “a parada” (e com folga). Por uma razão simples: até abril de 2008, o Corolla estava velho. Ainda era o antecessor, lançado no País no início de 2002. Depois da remodelação, o Toyota começou a comer pelas beiradas. E aproveitou a chegada do compacto "premium" Honda City para reassumir o topo do ranking. Até 2009, a briga foi acirrada. A diferença no acumulado de 2009 foi bem pequena – Corolla somou 54,6 mil, enquanto Civic obteve 50,2 mil unidades.

Propostas diferentes apesar da rivalidade

Em 2010, o equilíbrio entre os modelos se foi. O Corolla não tomou conhecimento do Civic e abriu larga vantagem. Até agosto, foram vendidos 35,1 mil unidades do Toyota, contra 20,1 mil emplacamentos do vice-líder Honda – distância bem razoável. Um dos culpados é o City que, posicionado um degrau abaixo na tabela de preços, vendeu mais que o Civic. Foram 21,6 mil pedidos do sedã “premium” menor. Mas apesar da grande diferença nas vendas esse ano, Corolla e Civic seguem como as referências atuais do segmento. E cada um à sua maneira, como vocês verão.

Começando pelo líder Corolla, a palavrinha que melhor define o modelo é conforto. O Toyota é um típico sedã médio, na essência do gênero. Tem suspensão macia, bancos largos e aconchegantes, porta-malas generoso, espaço interno amplo, vasta lista de equipamentos e um motor moderno – o novo 2.0 Dual VVT-i flex. Enfim, tudo o que se espera de um veículo da categoria. Já no Civic, esse perfil “comportado” tem um apelo mais arrojado e jovial. Desde o design à engenharia, tudo no Honda remete à esportividade e modernidade. A suspensão e a direção, por exemplo, são mais rígidas.

Corolla tem melhor motor e Civic, melhor câmbio

Ao mesmo tempo em que possuem personalidades distintas, os sedãs médios arquirrivais também têm muitas semelhanças. As listas de equipamentos, por exemplo, são bem parecidas. Além dos básicos ar-condicionado digital, direção elétrica e “trio”, há freios com ABS e distribuidor eletrônico EBD, volante multifuncional, controle de cruzeiro, computador de bordo, ajustes elétricos no banco do motorista, entre outros. No Corolla, há airbags laterais, ausentes no Civic, que traz apenas bolsas frontais. Mas o Honda tem na lista controle eletrônico de estabilidade na versão EXS.

A disputa está por todos os lados. O sistema de som do Civic, por exemplo, oferece conexões USB e para iPods, além de entrada auxiliar. No Corolla, o rádio/CD também lê MP3, possui uma disqueteira para seis CDs e só. Já os faróis no Toyota são de xênon e têm lavadores. E na mecânica, o Corolla tem melhor motor. O moderno bloco 2.0 litros flex Dual VVT-i rende 142 cv (G) aos 5.600 rpm e 153 cv (A) aos 5.800 giros, enquanto o 1.8 litro i-VTEC flex do Honda, com 138 cv (G) e 140 cv (A) aos 6.200 giros. Mas o câmbio automático do Corolla tem quatro marchas, contra as cinco do Civic.

Duelo na pista é marcado pelo equilíbrio

Por conta do motor mais vigoroso e moderno, a expectativa na redação era de que o Corolla Altis deixasse o Civic EXS para trás em desempenho. Afinal, além de ter maior cilindrada, o bloco 2.0 flex da Toyota tem o Dual VVT-i, comando variável que controla a abertura e o fechamento das válvulas de admissão e escape, tornando a queima de combustível mais eficiente – e o consumo, menor. No Honda, o motor 1.8 litro flex também possui comando variável, no caso o i-VTEC, mas o cabeçote tem comando simples em vez de duplo, como no arquirrival.

Os rendimentos de torque reforçam – em teoria – a superioridade do motor 2.0 Dual VVT-i flex. São 19,8 kgfm (G) aos 4 mil giros e 20,7 kgfm (A) liberados aos 4.800 rpm. No Honda, o bloco 1.8 gera 17,5 kgfm aos 5 mil giros, com gasolina, e 17,7 kgfm aos 4.300 rpm com álcool. Contudo, para a nossa surpresa, até na pista os sedãs travaram um duelo parelho. Para arrancar de zero a 60 km/h, o Corolla Altis levou 5,9 segundos com álcool, enquanto o Civic EXS precisou de 6 segundos cravados. Já para acelerar da inércia aos 100 km/h, foram necessários 10,9 segundos para o Toyota e 11,3 segundos para o Honda.

Nas retomadas, as diferenças foram ainda menores. O Corolla gastou 5,4 segundos para recuperar de 40 km/h a 80 km/h, mesmo tempo feito pelo Civic. Para ir dos 60 km/h aos 100 km/h, o Toyota precisou de 6,4 segundos e o Honda, de 6,6 segundos. E para resgatar o fôlego dos 80 km/h aos 120 km/h, o Civic foi um décimo melhor, com 8,3 segundos contra os 8,4 segundos do Corolla. No consumo, o sedã da Honda também superou o rival – pesou a quinta marcha do câmbio. A média urbana com álcool foi de 7,2 km/l e a rodoviária, de 12,7 km/l. O Corolla marcou 6,7 km/l e 10,7 km/l, na ordem.

Com esses números, aferidos pelo Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), nem Corolla nem Civic oferecem desempenhos realmente esportivos, como sugerem as versões – há borboletas no volante para trocas de marcha manuais e as rodas de liga leve de 16 polegadas. Mas em ambos os sedãs, o foco também está no conforto, na sofisticação e no requinte. Há bancos forrados com couro, instrumentos do tipo blackout (que ficam permanentemente acesos) e bons vãos para pernas e cabeças, além de um equilíbrio dinâmico primoroso. Tudo que é essencial em um sedã médio.

Veredicto Carsale

A rivalidade entre Corolla e Civic já vem de muitos e muitos anos. E não é por acaso. Os sedãs das marcas japonesas são referências de qualidade no Brasil e no exterior – apesar dos megarecalls que atingiram a Toyota no início desse ano. No caso das versões “tops” Altis e EXS, os preços sugeridos, de R$ 88.250 e R$ 88.750, são elevados pelo padrão do acabamento. Há muitos plásticos rígidos cobrindo o interior dos dois carros. Além disso, os valores chegam a invadir o segmento de sedãs médios-grandes (como Ford Fusion, Chevrolet Malibu e Hyundai Azera).

Os dois modelos ainda ficam emparelhados em quase tudo. Onde um fica devendo, o outro atende, e vice-versa – como acontece com o porta-malas do Civic, que leva 340 litros contra os 470 litros do Corolla. Mas na visão do Carsale, o Civic, ainda supera o Corolla em aspectos como design, estilo e prazer ao dirigir. O modelo da Toyota, com seus apliques que imitam madeira no painel e nas portas, é excessivamente sóbrio diante do arquirrival da Honda, com seu moderno painel de instrumentos “double deck” (conta-giros atrás do volante e velocímetro em cima).


Toyota Corolla Altis Honda Civic EXS
Posição de Dirigir
Acabamento
Segurança
Estilo
Consumo
Custo/Beneficio
Itens de série
Espaço Interno
Desempenho
Ergonomia
Conjunto mecânico
Conforto
Avaliação Carsale 4,17 4,25

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