sexta-feira, 15 de outubro de 2010

VW Amarok X Toyota Hilux - Novata picape enfrenta campeã de vendas



A Volkswagen do Brasil já deu início à campanha publicitária da nova Amarok no País. A marca alemã quer convencer os consumidores de picapes que conseguiu desbancar a concorrência na sua primeira tentativa. Enquanto as versões mais espartanas do modelo não chegam, o objetivo é mirar a bem-sucedida Hilux, da Toyota. A montadora japonesa, aliás, ao contrário da Volkswagen, acumula uma vasta experiência em picapes. A montadora japonesa já produzia veículos com caçamba antes mesmo da Segunda Guerra Mundial. A primeira geração da Hilux começou a ser produzida em março de 1968, porém o modelo só começou a ser vendido oficialmente no Brasil em 1992, com a abertura do mercado às importações.

Por aqui, a estratégia de comercialização da Amarok é oferecer, por enquanto, somente a versão topo de linha Highline. Ela custa R$ 119.490, preço que se equipara à Hilux SRV, com câmbio manual, tabelada atualmente em R$ 119.630. A configuração de ambas as picapes é parecida. As duas tem cabine dupla, motor a diesel e tração 4x4. Mas as semelhanças param por aí. Os comportamentos do Toyota e do Volkswagen são distintos. Além disso, a Amarok não tem opção de transmissão automática. Isso faz falta? Sim. Isso porque 85% das picapes Hilux topo de linha saem de fábrica com esse item. E por falar nisso, nosso teste teve de ser feito com a versão equipada com câmbio automático, pois a Toyota não dispunha da opção com alavanca manual para empréstimo. E agora? Será que a VW consegue superar a experiência da Toyota com picapes já em sua primeira tentativa? A falta do câmbio automático vai prejudicar a Amarok?

Design: Simplicidade x Agressividade

O desenvolvimento da Amarok levou cinco anos. E o resultado é uma picape alinhada com o design adotado atualmente pela VW a partir do lançamento do Scirocco, em agosto de 2008. A dianteira é robusta e os faróis tem desenho retangular e amplo. A grade frontal, por sua vez, ostenta dois filetes e a logomarca da fábrica alemã. Logo abaixo há outra grade que comporta também os faróis de neblina. Seu formato aparece em outros carros de passeio da VW vendidos na Europa, como os hatchbacks Polo e Golf. Nas laterais há poucos elementos. O destaque fica por conta dos para-lamas também com formato retangular. Já na traseira o que impera é a simplicidade. As lanternas são grandes e alongadas, e o para-choque preto tem, nas extremidades, acabamentos cromados. Em resumo, a VW Amarok tem um desenho limpo e bem funcional. Mas isso não impede que ela demonstre beleza, principalmente na dianteira.

No mesmo quesito, a Hilux aposta em outros atributos para chamar a atenção. A dianteira exibe contornos mais rasgados, como se a carroceria exibisse músculos. Os faróis espichados invadem as laterais e a grade parece uma boca cromada engolindo poeira. O capô traz uma entrada de ar adicional e o para-choque há volumes em volta dos faróis de neblina, como se a picape tivesse bochechas. Vista de lado, a Hilux tem linhas sóbrias e para-lamas arredondados. Já a traseira usa a mesma fórmula dos acabamentos cromados.

Fica a impressão que a Amarok e Hilux investem em receitas diferentes para atrair potenciais compradores. A picape da VW faz uso de linhas mais simples e elementos maiores para transmitir a sensação de robustez e simplicidade. Isso sem perder a identidade de design da marca. A Hilux, por sua vez, acredita nos cromados e nas linhas angulosas para dar modernidade a um produto feito para uso no fora de estrada. Os números de vendas e comentários vão dar o veredicto para o modelo mais bonito. Na visão deste repórter, a abordagem da Amarok é mais interessante. A montadora alemã conseguiu beleza com poucos elementos no desenho.

Interior moderno

Uma picape deve ter interior preparado para enfrentar botas com lama, poeira ou água. Portanto, nada de se esperar acabamentos de luxo com tapetes delicados ou bancos suaves. Os plásticos devem ser resistentes aos riscos e às intempéries. Porém, as picapes do nosso comparativo não serão usadas no trabalho rural. Seus proprietários não limpam currais ou carregam feno. Daí surge um desafio: aliar resistência com qualidade no interior. A picape deve ser amigável aos ocupantes e, ao mesmo tempo, transmitir a ideia de robustez.

A Toyota criou uma solução que provoca duas impressões. O desenho do interior da Hilux tem linhas fluídas. A cor clara dos revestimentos dá a sensação de espaço ainda maior. Por outro lado, os plásticos usados deixam a desejar. O cliente que paga R$ 120 mil espera uma textura melhor das superfícies. Além disso, os encaixes são vagos. Comparada à rivais da categoria, a Hilux tem um acabamento aceitável e dentro do esperado. O problema foi o lançamento da Amarok, que mostrou que é possível seguir outro caminho quando se trata de utilitários.

Ao tomar posição ao volante da Amarok, o motorista não se sente numa picape. As cores do painel são escuras e os revestimentos tem textura agradável. Aqui, os encaixes são precisos e os materiais usados nos acabamentos parecem resistentes e de qualidade. O desenho é sóbrio e funcional. Parece que estamos dentro de um utilitário esportivo. O ruído e a vibração característicos dos motores diesel não invadem a cabine. O volante não é grande e parece com um de carro de passeio. Dentro da Amarok os ocupantes podem curtir o campo sem sofrer com as desvantagens comuns das picapes médias.

Pelo alto e avante

Ao dirigir a Toyota Hilux é compreensível o apelo que as picapes médias tem no trânsito urbano. Um automóvel preparado para enfrentar a buraqueira e lama de uma estrada vicinal dá conta com folga dos buracos e lombadas do cotidiano urbano. Além disso, a posição de dirigir elevada e a imponência dão uma sensação de invencibilidade ao motorista. Porém, o preço a se pagar por isso é um volante desengonçado, uma cabine barulhenta e uma alavanca de câmbio longa e imprecisa – na versão manual.

Outro aspecto que chamou atenção na Hilux foi seu desempenho na estrada de terra batida. A suspensão em nenhum momento reclamou do castigo ao qual ela foi submetida. Porém, a carroceria vibrava e chacoalhava além do necessário.

Com a Amarok as impressões são diferentes. Ela carrega as mesmas qualidades buscadas por quem escolhe uma picape como carro de passeio. A vantagem é que a VW driblou as características ruins de uma picape convencional, e os equipamentos fazem inveja a muito sedã. O volante é pequeno e amigável. A alavanca de câmbio é curta e tem engates precisos. A cabine é silenciosa e reina a paz. A suspensão, por sua vez, aguenta a buraqueira do piso de terra sem passar tantos solavancos para a carroceria. Resultado: a Amarok é, definitivamente, mais divertida de dirigir que a Hilux. Ponto negativo da novata é a falta de câmbio automático. E os clientes da rival provaram que este item é importante ao encomendar 85% das picapes com este equipamento.

Qual anda mais?

Os números aferidos pelo Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) mostraram que Hilux e Amarok tem desempenhos parecidos. No entanto, é preciso levar em consideração que a Hilux tem motor de 3.0 litros, enquanto a picape da VW conta com apenas um 2.0 l. Portanto, vale ressaltar que mesmo motores a diesel podem render com baixa cilindrada. Claro, se a tecnologia de turbos for utilizada com precisão. Na aceleração de 0 (zero) a 100 km/h, a vitória foi para a Amarok, com tempo de 12,5 segundos. A Hilux conseguiu completar o teste em 13 segundos.

No quesito retomada de velocidade, o placar favorece a Hilux. De 60 km/h a 100 km/h, a Toyota tarda 7,7 segundos. Já a Amarok completa a aferição em 9,2 segundos. Na retomada de 80 km/h a 120 km/h, a picape da Volkswagen demora 11,3 segundos, enquanto a Hilux é mais veloz, completando a medição em 10,7 segundos. Os bons números da veterana se devem ao casamento harmonioso entre motor e câmbio automático. A Amarok não faz feio com seu câmbio manual, mas a desvantagem aparece nos números.

A versão Highline da estreante da VW é recheada de equipamentos. Por esta razão dispõe de um único opcional, o sistema eletrônico de estabilidade. E a Hilux? Também entrega todos os equipamentos esperados: direção hidráulica, ar-condicionado digital, trio elétrico, bancos forrados de couro, sistema de som (com entrada auxiliar e USB, só na Amarok), ABS, airbags e tração integral com reduzida.

A conclusão é que a Volkswagen acertou com a Amarok. A picape combina qualidades de carro fora de estrada e ameniza os defeitos comuns de veículos com chassi e motor movido a diesel. No entanto, a tática da fábrica de só trazer uma configuração (logo a mais cara) e não oferecer câmbio automático pode prejudicar a imagem da novata, pois ela é a primeira picape média da marca e já mostra qualidades para roubar vendas das concorrentes. Basta saber se os consumidores vão superar seus preconceitos e abrir concessões para a Amarok. Nosso veredicto é que vale a pena apostar na picape da VW. Se câmbio automático for item de primeira necessidade para você, então não há mais discussão. É a Toyota Hilux a sua escolha.


VW Amarok Highline Toyota Hilux SRV
Posição de Dirigir
Acabamento
Segurança
Estilo
Consumo
Custo/Beneficio
Itens de série
Espaço Interno
Desempenho
Ergonomia
Conjunto mecânico
Conforto
Avaliação Carsale 4,42 3,92

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